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Clipping - Denúncia de crime contra a vida no HFB

Extra /

21/06/2017


Chefe da emergência acusa diretores de não escalarem médicos para a unidade

O chefe da emergência do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) denunciou ontem ao Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio (Cremerj), por crime à vida, a diretora geral da unidade, Lucia Bensiman da Silva, e o diretor do Departamento de Gestão Hospitalar (DGH) do Ministério da Saúde no Rio, Marcus Vinícius Fernandes Dias. Segundo o médico Júlio Noronha, desde o início deste mês, não há clínicos escalados na emergência do hospital aos sábados, domingos e segundas-feiras. Nesses dias, de acordo com o chefe da emergência, repetem-se as medicações prescritas na sexta-feira anterior.

— Em casos de intercorrências, temos que contar com o clínico do plantão geral, que atende emergências em todas as enfermarias do hospital, mas não há plantonistas todos os dias — relata Noronha.

Foi numa madrugada sem nenhum plantonista na emergência e no plantão geral que a paciente Maria Elizete Vanderley da Silva, de 77 anos, morreu, sem socorro médico, na sala vermelha da emergência. O caso está relatado no livro da enfermagem. No registro feito à mão, consta que à 1h40 do último dia 5, um profissional de enfermagem verificou no monitor ligado à paciente “traçado assistolia”, quando a linha que registra os batimentos cardíacos se torna contínua, indicando a parada cardiorrespiratória.

REGISTRO APÓS MAIS DE 7 HORAS

O profissional de enfermagem relatou que seu supervisor tentaria localizar um médico. No livro de óbitos da emergência, no entanto, a morte só é registrada às 9h daquele dia pelo médico que chegava para o plantão no CTI da emergência.

— Minha sogra foi internada na manhã do dia 4, domingo, com suspeita de cirrose, depois que brigamos na porta da emergência, porque diziam que não podiam atendê-la por não haver médicos. Não queremos nem que meu sogro saiba que ela morreu sem socorro. Prefiro que ele acredite que foi feito tudo que era possível. Como deveria acontecer num hospital — desabafou o motorista Sérgio Henrique Dias, de 41 anos, genro de Maria Elizete.

Direção nega acusações

A direção do HFB informou “não ter determinado suspensão de quaisquer serviços na unidade” e não se manifestou sobre o caso de Maria Elizete. Ontem, o Cremerj abriu sindicância para apurar a situação do hospital. Segundo o conselho, o Ministério da Saúde “insiste em declarar que a unidade funciona normalmente”.

— O que vemos hoje no HFB é um total descaso das autoridades com a população. A unidade é referência para diversos atendimentos, como transplantes, que não serão supridos por outros hospitais do município. Isso significa que centenas de pessoas estão correndo risco de vida se a emergência permanecer fechada e sem condições de atendimento — disse o presidente do Cremerj, Nelson Nahon.

O DGH do Ministério da Saúde informou que solicitou a exibição da escala dos 94 médicos lotados na emergência e que o HFB dispõe de 892 médicos.

— Tivemos uma reunião com a direção do hospital e verificamos que são 26 clínicos na emergência. Cerca de 60% dos atendimentos são clínicos. Tirando os que estão de férias e licença, restam22—destaca Noronha.