Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 1 - 2024

22 O Mesentério e a Mesenterite Marta Carvalho Galvão Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.1, p.19-27, jan-abr 2024 sua versatilidade emavaliar compartimentos das mais variadas densidades (ar, partes moles, osso e, nesse caso, gordura), tem possibilitado a demonstração desta alteração commais frequência do que no passado, tal- vez por isto trabalhos recentes sugiram um aumento de incidência de 2,5% para 7,8%. (4) A gordura mesentérica à tomografia computadorizada usualmente tem densi- dade que varia entre –100 a –160 unidades Hounsfield – (HU negativas) * . (5) Quando há infiltração, esta densidade aumenta na proporção do grau de infiltração (50 HU [positivas], por exemplo). Uma variedade de situações como ede- ma, inflamação, neoplasia, trauma e he- morragia pode aumentar a atenuação da gordura do mesentério do intestino delgado, do mesoapêndice e mesocólon, ou envol- vê-los simultaneamente. Menos frequen- temente pode acometer sítios como a área peripancreática e o omento. Ilustramos o caso de um paciente mas- culino, de 44 anos, branco, natural do Rio de Janeiro, que se queixava de dor epi- gástrica tipo cólica há cerca de 3 meses, de intensidade progressiva, que piorava com alimentação e melhorava com uso de antiespasmódicos (hioscina). Há uma semana piorou a dor com dois episódios de vômitos, o que motivou a * As densidades fundamentais à TC variam em uma escala de – 1.000 a + 1.000, em que a menor densidade é o ar e a maior densidade, o metal. Os tecidos com densidade de partes moles possuem densidade positiva acima de zero; a gordura tem densidade negativa, abaixo de zero. consulta. Negava outras queixas digesti- vas, febre ou emagrecimento. Relatava que 6 meses antes desta con- sulta, ao realizar uma tomografia computa- dorizada (TC) em razão de dor abdominal, teve diagnóstico de paniculite mesentérica e colelitíase, quando então se submeteu a uma colecistectomia, sem intercorrências ( sic ). Nega tabagismo. Etilista social. Exame clínico: dor à palpação da região mesogástrica, sem visceromegalias. Solicitada TC de abdome, que demons- trou infiltração mesentérica, com densidade da gordura em torno de 34 HU (positivas) e espessamento segmentar de alça de jejuno, levando-nos à investigação de neoplasia (Figura 1). Figura 1 TC do abdome com contraste venoso. Observa-se aumento da atenuação da gordura mesentérica (+ 34 HU) e espessamento segmentar da alça de jejuno

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