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Estudo da Fiocruz avalia anticorpos para o diagnóstico de tuberculose

15/10/2018

Estima-se que, por ano, a infecção por tuberculose (assintomática) acometa um terço da população mundial e a doença leve a óbito cerca de 2 milhões de pessoas. O diagnóstico precoce e tratamento adequado para tuberculose pulmonar são considerados essenciais para a redução da transmissão do Mycobacterium tuberculosis, bactéria que causa a doença.

O desenvolvimento de uma reação em cadeia da polimerase, que possibilita ampliar repetidamente um segmento específico de DNA do bacilo em tempo real, tem sido o avanço mais importante no diagnóstico de tuberculose nos últimos anos. No entanto, a necessidade de infraestrutura de laboratório sofisticado e técnicos qualificados continua a ser uma grande barreira para a introdução do teste em países de baixa e média renda. Além disso, o teste não elimina a necessidade de testes convencionais, que são necessários para monitorar a resposta ao tratamento e estado de recaída.

Uma alternativa para os métodos tradicionais são os testes sorológicos, que são simples, econômicos e minimamente invasivos. O pesquisador da Fiocruz Bahia, Sérgio Arruda, liderou um estudo que avaliou a resposta dos anticorpos de IgM e IgG total contra antígenos, como cardiolipina, os fosfatidilinositol, fosfatidilcolina, fosfatidiletanolamina e o sulfatide como candidatos a biomarcadores da doença tuberculosa.

Anticorpos antifosfolipídios são anticorpos que têm como alvos fosfolipídios de membrana celular e/ou proteínas combinadas a fosfolipídios. O artigo foi publicado no The International Journal of Tuberculosis and Lung Disease, com o título Serum antiphospholipid antibody levels as biomarkers for diagnosis of pulmonary tuberculosis patients.

Neste artigo avaliou-se 48 participantes, divididos entre pacientes com tuberculose, com outras doenças pulmonares e saudáveis, como grupos de indivíduos controles. Os 19 pacientes com tuberculose foram selecionados baseados em exames, como raio-x torácico e exame do escarro.

Os mesmos exames foram aplicados em 13 indivíduos do grupo de controle e com outras doenças pulmonares: cinco com pneumonia bacteriana, dois com câncer de pulmão, um com asma brônquica e os cinco restantes com outras infecções pulmonares. Os 16 participantes restantes foram selecionados de indivíduos saudáveis, sem infecção tuberculosa ou outras doenças que acometiam os pulmões.

Pacientes que tiveram um diagnóstico confirmado de tuberculose receberam o tratamento recomendado pelo Ministério da Saúde e amostras sorológicas foram coletadas no início do estudo, bem como em dois e seis meses após o início do tratamento.

Resultados

Foram avaliados os resultados dos exames IgG e IgM totais específicos para os antígenos em pacientes com tuberculose em sua primeira visita ao ambulatório antes do tratamento. Resposta de IgM a cardiolipina, fosfatidiletanolamina e fosfatidilinositol foi consistentemente maior nos pacientes com tuberculose do que nos grupos de controle. Não houve diferença nos números da fosfatidilcolina e sulfatide.

Os pesquisadores observaram que os níveis de anticorpos antifosfolipídios, principalmente anti-cardiopilina, anti-fosfatidiletanolamina, anti-fosfatidilinositol e anti-fosfatidilcolina, foram mais altos em jovens adultos com tuberculose que nos adultos dos grupos de controle. O teste IgC tiveram performances melhores, uma vez que a prevalência de pacientes com tuberculose detectados usando esse teste era maior do que utilizando o teste (86,5% cardiopilina e 81,1% fosfatidilinositol) de esfregaço de expectoração (64,9%).

Dessa forma, o uso do teste IgG para anticorpos antifosfolipídios pode ser útil para complementar testes bacteriológicos convencionais para diagnóstico rápido e na discriminação de tuberculose de outras doenças em pacientes com sintomatologia semelhante, apesar da inespecífica natureza das respostas IgM e IgG anti cardiopilina. Elisa para IgG anti cardiolipina teve alta especificidade para tuberculose se comparado a outras doenças pulmonares.

A Organização Mundial da Saúde não recomenda testes sorológicos para o diagnóstico de tuberculose pois a resposta dos anticorpos ao M. tuberculosisem infecção crônica é altamente complexa e variável. O presente estudo com base em Elisa contra fosfolipídios revela um potencial como um teste rápido de triagem para diferenciação da tuberculose das doenças não pulmonares.

 

Fonte: Fiocruz Bahia