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Anasem é tema de debate no VII Fórum Nacional de Ensino Médico

07/10/2016

A Avaliação Nacional Seriada dos Estudantes de Medicina (Anasem) foi tema da tarde de atividades do VII Fórum Nacional de Ensino Médico, evento promovido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) nesta quinta e sexta-feira (6 e 7), em Brasília (DF).

Para falar sobre a concepção e a formatação final do exame, foi convidada a presidente Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Maria Inês Fini. "Pretendemos medir competências cognitivas e raciocínio clínico, portanto a ênfase do exame não será nos conteúdos e sim nas estruturas e processos mentais", aponta.

Fini explicou ainda a aplicação da Teoria da Resposta ao Item (TRI) como forma de medir proficiência e mensurar e comparar o desempenho dos estudantes ao longo dos anos. A primeira aplicação da avaliação já está prevista para o dia 9 de novembro de 2016, na própria instituição onde o aluno faz o curso. Nesta primeira edição só fazem as provas os alunos que ingressaram no curso em 2015 (mais informações em: http://anasem.inep.gov.br).

Um ponto divergente entre a postura do Inep e dos debatedores – compostos por professores universitários e representações estudantis, além da plateia, que participou ativamente – foi o desejo de que a prova tivesse um caráter regulatório.

O coordenador da Comissão de Ensino Médico do CFM, Lúcio Flávio Gonzaga Silva, lembrou a pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada hoje pelo CFM, que aponta: 91% da população brasileira defende que os alunos com mau desempenho nas provas de sexto ano não devem receber diploma. Os entrevistados defendem ainda que as instituições que não atingirem parâmetros de qualidade sejam punidas.

Representantes estudantis como Danilo Aquino Amorim, da Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina (Denem), apontam a maciça expansão do ensino privado e a importância de responsabilizar os empresários que gerem essas instituições ao invés de punir os estudantes (o que aconteceria com a impossibilidade de diplomação).
Amorim defendeu ainda o atendimento às premissas iniciais que conceberam a avaliação, previstas nas suas leis e portarias basilares. 
"A educação é hoje um negócio e o que se espera é que a Anasem tenha papel formativo-pedagógico e possa corrigir deficiências, melhorando a qualidade do ensino. Qualquer deturpação dessas premissas, extrapola a lei", diz o acadêmico.

"De que forma vamos tratar essas instituições que tratam o ensino como um negócio se elas não tiverem a qualidade desejada? É preciso haver um uso produtivo dos resultados da Anasem. Não é punição e sim uma proteção da sociedade", defendeu a representante da Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR), Naiara Costa Balderramas.

O presidente do CFM, Carlos Vital, destacou que os debatedores concordaram com a influência mercantilista no processo de outorga de escolas médicas. "Como o MEC pode se omitir ao controle das consequências a serem determinadas com a verificação de insuficiências dos egressos durante a sua formação?", questionou.

O presidente da autarquia destacou ainda que o MEC registra o diploma do aluno, documento que é um atestado de capacidade. "Como pode se abster de medidas que evitem que o egresso sem capacidade receba o diploma e exerça a Medicina? Torna-se responsável solidário pelo que possa ser feito de modo equivocado ou irresponsável pelas escolas sem condições adequadas de ensino. Não é tolerável que o MEC deixe o ensino da Medicina à mercê da lei da oferta e da procura", avalia.

Maria Inês Fini, no entanto, ressaltou que a avaliação terá um caráter de serviço, "amigável", sobretudo autoavaliativo (estudantes e instituições poderão comparar o seu desempenho em relação ao conjunto avaliado) e que já existem instrumentos para subsidiar a regulação, como o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). "Sou formadora da Unicamp e acredito no potencial das coordenações dos cursos para promover as mudanças necessárias", afirmou a dirigente.

Para o 1º vice-presidente do CFM, Mauro Ribeiro, o desafio de lutar por melhor qualidade de ensino torna-se maior na medida em que há uma abertura desenfreada de cursos de Medicina no País, muitas vezes sem atendimento às exigências mínimas estabelecidas em portarias dos ministérios da Educação e da Saúde. "Temos que avaliar o sistema formador. O estudante tem que provar suficiência. Se não provar, não é punição, tem que estudar", diz.

Participaram ainda dos debates o conselheiro Sidnei Ferreira (CFM), Itagiba de Castro Filho (CRM-MG), Lúcia Christina Iochida (Abem), Wilton Filho (Aemed) e Lucas Martins Teixeira (IFMSA Brasil).

Os debates continuam nesta sexta-feira (7) e abordarão o Estado da arte da avaliação da Escola de Medicina, com John Norcini (FAIMER) e Sistema de Acreditação de Escolas Médicas (Saeme), entre outros tópicos. Acompanhe a programação e assista ao vivo o evento em: https://goo.gl/1YJLvq

Fonte: Site CFM