Aviso de Privacidade Esse site usa cookies para melhorar sua experiência de navegação. A ferramenta Google Analytics é utilizada para coletar informações estatísticas sobre visitantes, e pode compartilhar estas informações com terceiros. Ao continuar a utilizar nosso website, você concorda com nossa política de uso e privacidade. Estou de Acordo

Na Mídia - Cartórios do RJ registram mais mortes por insuficiência respiratória e pneumonia

G1 /

14/04/2020


Aumento dos casos indica possível subnotificação de Covid-19. Secretaria estadual de Saúde informou que investiga 121 mortes suspeitas da doença.

Um levantamento feito em cartórios do Rio de Janeiro revelou que, em 2020, houve um aumento de mortes por insuficiência respiratória em relação ao mesmo período do ano passado.

Como mostrou o Jornal Nacional desta terça-feira (14), em março deste ano foram 111 casos a mais, um aumento de 10%. A pesquisa também demonstrou um que crescimento de 6,8% na quantidade de registros de morte por pneumonia.

Apenas no Rio, a Coordenadoria Municipal de Conservação registrou, até o dia 6 de abril, 196 enterros de mortes registradas com suspeita de Covid-19.

A Secretaria Estadual de Saúde tem até esta terça-feira (14) 121 mortes em investigação. Outros 120 óbitos foram descartados.

Mortes por insuficiência respiratória

Março de 2019 - 1.117 registrosMarço de 2020 - 1.228 casos

Mortes por pneumonia

Março de 2019 - 1.717Março de 2020 - 1.834

Falta de orientação

Como não há testes para todos, desde o início da pandemia médicos do Rio dizem que há dificuldade e falta de orientação sobre quando atestar que um paciente morreu de Covid-19.

Além disso, os sintomas da doença são parecidos com os de outras enfermidades. Na dúvida, muitos profissionais atestam os casos como insuficiência respiratória e pneumonia.

É isso que vai escrito na declaração de óbito e registrado em cartório. Assim, o caso não entra na estatística dos mortos por coronavírus.

Essas informações, que nem sempre levam em consideração a contaminação pelo coronavírus, abastecem os cartórios cíveis e, de lá, seguem para um banco de dados criado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Um dos casos é de Maria Luíza Santana do Nascimento, de 72 anos, moradora da Rocinha, na Zona Sul do Rio. Ela morreu no dia 31 de março com problemas respiratórios, pouco tempo depois de se tratar na UPA da comunidade.

Os médicos suspeitaram de Covid e fizeram o exame, só que o resultado não ficou pronto até o sepultamento. A certidão de óbito traz como causa da morte, septicemia não especificada, pneumonia e insuficiência cardíaca por problema já existente. No documento não há menção a Covid.

Mesmo assim, o sepultamento aconteceu com todas as orientações da Vigilância Sanitária: presença de poucos parentes e um grande esquema de segurança para evitar novas contaminações.

Cremerj lança guia

Para ajudar os profissionais, o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) lançou um guia de preenchimento dos atestados por causa da subnotificação.

Se ele acha que o paciente apresentou as alterações, e para ele o diagnóstico estava fechado em Covid-19, ele coloca Covid-19. Agora, se ele não acha que ele tenha suficiente [dados], isso ele pode botar tranquilamente, insuficiência respiratória decorrente de pneumonia viral , explicou Flávio Sá Ribeiro, representante do Cremerj.

Autoridades de saúde dizem que o ideal é que todos os pacientes graves, com suspeita de Covid, sejam testados. A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é de que o atestado de óbito dos casos em investigação registre o aviso de suspeita de coronavírus.

Naturalmente, a gente já tem uma dificuldade em relação a essa verificação de óbitos nessas comunidades, na periferia, e, nesse processo, ele só atrapalha, soma com essas questões que estão relacionadas aí à falta de testes, à falta de equipamentos de proteção individual e, muitas vezes, isso é delegado mesmo à funerária, ao sistema funerário, sem a gente ter a devida atenção das autoridades da saúde pública , afirmou Denize Ornellas, da Sociedade Brasileira de Medicina da Família.