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Na Mídia - Cremerj vai apurar caso de rim entregue em pote de plástico em vez do resultado de exame em Nova Friburgo

Rio das Ostras Jornal /

02/08/2019


Rim devolvido para paciente em Nova Friburgo, RJ, estava em um pote de plástico com rótulo de "polpa de maracujá"

O Conselho Regional de Medicina afirma que cabe averiguação cuidadosa do acontecido em hospital. Sociedade Brasileira de Patologia também repudiou armazenamento do órgão em galão de suco e por meses: 'irresponsável'.

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) informou que vai apurar o fato do Hospital Municipal Raul Sertã de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, armazenar um rim em um galão de suco de polpa de maracujá e entregá-lo apenas quatro meses depois à mulher de um paciente, no último mês.

O Cremerj disse em nota que tomou conhecimento do caso por meio das mídias sociais e da imprensa e que cabe uma averiguação cuidadosa dos fatos.

"Os fatos narrados pela imprensa no referido Hospital são um exemplo de descaso, causa de severos danos à integridade do paciente e um enorme atraso ao início da terapêutica", afirmou.

O Cremerj também informou como devem ser feitos os procedimentos corretos de acondicionamento e encaminhamento das 'peças cirúrgicas':

"Os laudos da Patologia são de extrema importância. Eles orientam os médicos sobre a terapêutica a ser utilizada em cada paciente, as características biológicas da lesão ou do tumor e, inclusive, permitem aventar o comportamento biológico das lesões ou tumores;

O material retirado do paciente deve ser encaminhado imediatamente ao Serviço de Patologia interno ou externo do hospital, devidamente rotulado, acondicionado e acompanhado de requisição assinada e carimbada pelo médico, onde conste, além da identificação do paciente e da peça retirada, uma breve história clínica que sirva como orientação ao patologista;

O acondicionamento da biopsia ou da peça cirúrgica exige diversos cuidados. Devem ser colocadas, imediatamente, depois de retiradas do paciente, em um invólucro adequado que permita o acréscimo de fixador em quantidade de 10 vezes superior ao volume a ser fixado.

Este produto químico preserva os tecidos e as células, evitando sua autólise, além de provocar destruição de agentes patógenos, permitindo seu transporte, em atenção ao disposto pela Resolução da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária;

Maristher diz que foi enganada por Hospital de Nova Friburgo sobre envio do rim do marido para biópsia 

Preservar a amostra é fundamental para alcançar a qualidade que o estudo do patologista precisa. Inclusive para poder realizar estudos imuno-histoquímicos, as normas estabelecem um tempo mínimo de 8h submergido no fixador e máximo de 72h;

A responsabilidade pelos procedimentos é compartilhada entre o cirurgião e o responsável pelo centro cirúrgico. Neste, devem existir normas escritas, com documentação sobre a retirada e o encaminhamento à patologia".

Entenda o caso

O órgão foi entregue pela unidade no dia 17 de julho à Maristher Fukuoka, que levou o rim para uma clínica particular pagando R$ 600 pelo exame. A previsão é que o diagnóstico fique pronto apenas no dia 14 de agosto.

A mulher afirma que foi enganada pelo hospital, que, em março, afirmou que o rim de Sebastião Mury, de 62 anos, tinha sido encaminhado para a biópsia no Rio de Janeiro. Mas ela descobriu, já em julho, após muitas idas à unidade atrás do resultado, que o encaminhamento do órgão ao Rio não tinha ocorrido.

"A funcionária me disse: 'Não vou mais te enganar. O rim nunca saiu do hospital", contou.

SBP repudia ocorrido

A Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) emitiu uma nota repudiando o fato do Hospital Municipal Raul Sertã de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, armazenar um rim em um galão de suco de polpa de maracujá e entregá-lo apenas quatro meses depois à mulher de um paciente. Para a SBP, a ação foi "irresponsável".

"É um absurdo um paciente ficar quatro meses aguardando um diagnóstico! Além disso, deve ser armazenado em um frasco transparente, nunca em um frasco que foi utilizado para armazenar alimentos".

O desabafo veio do presidente da SBP, Clovis Klock, ao explicar que não é comum, nem recomendando que um órgão fique tanto tempo armazenado sem encaminhamento para o exame, já que existem técnicas, como a patologia molecular, que identificam a doença desde que o exame seja feito em até 72 horas.

Respostas

Por meio de nota, enviada nesta quinta-feira (1º), a Secretaria de Saúde de Nova Friburgo disse que reconhece que o laboratório de patologias do Hospital Municipal Raul Sertã apresenta algumas fragilidades e reitera o compromisso da nova equipe que está a frente da pasta, após a recente mudança de gestão, de viabilizar a realização deste tipo de procedimento da mesma maneira que é feita pela rede hospitalar privada.

A nota diz ainda que, "Em oportuno, a Secretaria reitera que, embora não seja o ideal, os recipientes são higienizados e estéreis antes do armazenamento da peça a ser analisada, que se mantém imersa em formol, o que, por sua vez, não altera o resultado dos exames".

A Prefeitura informou também que foi criada uma comissão para analisar o caso.

O caso também foi registrado na 151ª Delegacia de Polícia (DP). O G1 aguarda outras informações sobre o caso.