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Na Mídia - Bebê nasce morto após negligência de hospital

G1 /

08/04/2019


Bebê nasce morto após negligência de hospital e é enterrado como indigente sem autorização da família, afirma pai

A família de Renato Barbosa Machado, de 26 anos, e Daniele da Silva Machado, de 23, está indignada e pede Justiça depois que o filho do casal nasceu morto no último sábado (6), no Hospital da Mulher de Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio. Arthur da Silva Barbosa Machado ainda foi enterrado como indigente e desenterrado para que a família pudesse vesti-lo e fazer um sepultamento digno.

Para os pais da criança, houve negligência dos médicos que se negaram a fazer o parto ao longo da semana, quando eles buscaram atendimento e os especialistas diziam que não estava na hora do bebê nascer.

"O neném lutou, lutou, lutou ali para vir ao mundo e ele [médico] não fez a cesárea nela, entendeu? Ele [o bebê] tava colado, quando eles [os médicos] tiraram ele, o neném, nem chorar chorou. O meu filho nasceu morto" , disse Renato.

Segundo o marido, Daniele teve uma gravidez saudável e passou por todo o processo de pré-natal. Na semana passada, começou a sentir dores e procurou o Hospital da Mulher.

Renato informou também que eles buscaram atendimento duas vezes no Hospital Missão de São Pedro da Aldeia, onde além de terem ouvido que a mulher não estava em trabalho de parto, também foram informados de que a unidade não poderia interná-la já que ela era moradora do município vizinho.

Ainda de acordo com ele, em ambos os locais, ouviu que deveriam esperar, mesmo com Daniele sentindo muita dor e já tendo completado as 42 semanas de gestação.

Depois de muita insistência, ela foi internada no Hospital da Mulher por volta das 23h de sexta-feira (5) e passou pela cesárea na manhã de sábado.

"Eu estaria com meu filho nos braços agora se eles tivessem feito o parto na hora certa", afirma Renato.
No atestado de óbito, consta que o bebê morreu após sofrer uma parada cardiorrespiratória, anoxia uterina e infecção amniótica.

Suspeita de descaso
A mãe de Daniele, Neli da Silva, retratou ainda a maneira rude com que o médico tratou a filha.

"Nós pedimos que fizessem a cesárea porque a minha filha estava sentindo muitas dores. O médico ainda teve a audácia de falar o seguinte: 'Quem sabe a hora de nascer é Deus e não você. A criança vai nascer igual a um pit-bull porque você está toda nervosinha aí'", revelou Neli da Silva.

Renato contou que a falta de sensibilidade não parou por aí. Depois de perder o bebê, Daniele ainda foi transferida para um quarto do hospital com outras mulheres que tinham acabado de ter filho.

"A minha esposa olha para o lado e não vê o bebê que a gente tanto esperou. O peito dela ainda está com muito leite, que precisa ser retirado. Minha filha de 5 anos também sofre pela perda do irmãozinho. A criança estava perfeitinha", lamenta Renato.

Silvania Sousa Barbosa, avó paterna do Arthur, também manifestou a indignação com a falta de responsabilidade do médico. "Nós não queremos dinheiro, queremos justiça pelo meu neto e por todos os outros bebês que já morreram naquele hospital", disse.

"Isso não é justo com ninguém. Eu quero solução para este problema. Eu exijo que tudo seja resolvido pelas autoridades. O médico que fez isso tem que parar de trabalhar. Ele nem serve para trabalhar como veterinário porque nem cachorro merece ser tratado do jeito que a minha nora foi".

Enterro

Os transtornos para a família continuaram no dia seguinte. Segundo Renato, enquanto ele estava resolvendo todos os documentos necessários para registrar e enterrar o filho, descobriu que a criança já havia sido sepultada no cemitério do bairro Jardim Esperança.

Renato contou que ligou para o hospital para avisar que não poderia enterrar o filho no horário previsto e foi aí que descobriu que todo o processo já tinha sido feito e que o Arthur havia sido sepultado do jeito que saiu do hospital.

"O meu filho foi enterrado como indigente. Nem a roupa que tínhamos separado para ele usar, assim que saísse da maternidade, foi colocada nele. Ele foi enterrado enrolado em um pano!", lamentou o pai.
Inconformada com a situação, a família foi ao cemitério, onde a criança foi desenterrada e os parentes colocaram a roupa nela, que foi sepultada novamente.

Diante de tudo que enfrentaram, pais e avós do Arthur voltaram indignados ao hospital e jogaram as cadeiras para o alto dentro da unidade.

Investigação
Desde novembro do ano passado, 26 recém-nascidos morreram na unidade e os óbitos são investigados por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e outra CPI na Câmara Municipal de Cabo Frio.

Por meio de nota, a Prefeitura de Cabo Frio disse que tem total interesse em que os casos de óbito sejam esclarecidos e que está colaborando com as autoridades para elucidar os mesmos. Veja a resposta na íntegra abaixo.

Respostas
A Secretaria de Saúde de São Pedro da Aldeia também enviou uma nota dizendo que solicitou mais informações à direção do hospital sobre a paciente citada e afirmou que segue aguardando os esclarecimentos.

O órgão disse ainda que a gestão da unidade não é da Prefeitura aldeense, trata-se de um hospital filantrópico, classificado como hospital geral e com convênio municipal.

A secretaria destacou também que a gestão pública aldeense preza pelo melhor atendimento para a população. O G1 aguarda resposta da direção do hospital.

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) informou na tarde desta segunda-feira (8) que irá apurar todos os fatos os ocorridos.

Já a Polícia Civil disse que diligências estão sendo realizadas e as investigações estão em andamento. A reportagem também tenta contato com o médico.