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Na Mídia - Área da maternidade Herculano Pinheiro tem alto índice de mortalidade materna

Extra /

22/05/2019


Área da Maternidade Herculano Pinheiro, que prefeitura anunciou fechamento, tem um dos maiores índices de mortalidade materna do Rio

A barriga de nove meses de gravidez não tira a disposição de Sara Macedo Jovino, de 21 anos, para trabalhar vendendo doces no entorno da Maternidade Herculano Pinheiro, em Madureira. A jovem, que mora em Japeri, onde não há maternidade, não escolheu o ponto à toa. Ela espera entrar em trabalho de parto nas proximidades da unidade. Mas agora torce para os planos da Secretaria municipal de Saúde de iniciar a desativação da unidade nesta quinta-feira, com a transferência dos funcionários para a Alexander Fleming, em Marechal Hermes, não se concretizarem. A área da cidade em que estão as duas maternidades concentra uma das maiores taxas de mortalidade materna do Rio: 110 a cada 100 mil nascidos vivos.

— Sempre sou atendida aqui, na Herculano Pinheiro, quando tenho uma emergência — diz Sara, que espera seu terceiro menino.

Funcionários e pacientes protestaram contra o fechamento da Herculano Pinheiro, na manhã desta terça-feira Funcionários e pacientes protestaram contra o fechamento da Herculano Pinheiro, na manhã desta terça-feira Foto: Divulgação
Na manhã desta terça-feira, funcionários e pacientes fizeram um protesto na porta da Herculano Pinheiro contra o fechamento da unidade. A prefeitura anunciou que o prédio que abriga a maternidade há 80 anos será transformado numa policlínica para consultas, exames e pequenas cirurgias que não exigem internação.

A Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores e o Conselho Regional de Medicina (Cremerj), no entanto, afirmam que a o motivo é outro: suprir a falta de médicos na Alexander Fleming, onde, aos fins de semana, não há plantonistas, o que obriga a transferência de todas as pacientes internadas às sextas-feiras.

— O Cremerj fez uma vistoria na Alexander Fleming há duas semanas e constatamos, em duas visitas, essa situação absurda. Notificamos a prefeitura e, eles resolveram fechar uma unidade e jogar a equipe de profissionais de saúde para outra a fim de completar o quadro. Se estão com dificuldade para contratar para as duas maternidades, devem fazer concurso público de verdade, e não simulacro de concurso, com salário de R$ 1.500 para médicos — diz Raphael Câmara, conselheiro do Cremerj.

De acordo com o vereador Paulo Pinheiro, da Comissão de Saúde da Câmara, há mais de um ano, 35 dos 80 leitos da Alexander Fleming estão fechados, por falta de médicos.

— Hoje, a maternidade de Marechal Hermes tem 45 leitos obstétricos abertos e 541 funcionários. A Herculano Pinheiro tem 41 leitos, além de quatro de UTI neonatal e oito de unidade intermediária neonatal. Lá, são 445 funcionários. A prefeitura enviou mensagem para os profissionais da Herculano mandando que se apresentassem na Fleming nesta quinta-feira. Depois, soube que voltaram atrás e não estipularam nova data — disse o vereador. — Não adianta fechar uma maternidade para lotar outra.

Pinheiro prepara uma ação popular com pedido de liminar solicitando a suspensão do fechamento da Herculano Pinheiro, que também oferece atendimento a crianças com paralisia cerebral.

— É um absurdo, um crime fechar qualquer leito no Rio de Janeiro, principalmente de maternidade numa área pobre, com mais de dez comunidades carentes no entorno, e que realiza em média 280 partos por mês. Em 2018, foram 3.996 partos e 1.480 atendimentos na Herculano Pinheiro — afirma o vereador.

Para Raphael Câmara, do Cremerj, as últimas estatísticas sobre mortalidade materna apontam que a região de Madureira, Irajá, Pavuna, Anchieta, Penha, Pavuna e Maré são as que deveriam receber ainda mais atenção por parte da prefeitura.

— As áreas programáticas 3.1 e 3.3 têm um dos mais altos índices de mortalidade materna, 110 por 100 mil nascimentos. A média no Rio é de 84 por 100 mil, bem acima do índice nacional, 60 a cada 100 mil nascimentos.

Raquel Pinheiro e o marido, Rafael Leopoldino, deixam a Herculano Pinheiro com o pequeno Arthur Miguel Raquel Pinheiro e o marido, Rafael Leopoldino, deixam a Herculano Pinheiro com o pequeno Arthur Miguel
Para Raquel de Oliveira Pinheiro, de 33 anos, que recebeu alta ontem, com seu bebê Arthur Miguel, da maternidade Herculano Pinheiro, a decisão de fechar a unidade traz preocupação:

— Moro na Praça Seca e fui trazida para a Herculano pela ambulância do Cegonha. Fui muito bem atendida. Fechar a unidade é uma péssima ideia da prefeitura.