Na Mídia - Hospitais do Rio têm 341 leitos de internação fechados
O Globo / Rio
18/10/2018
Número levantado pelo MP corresponde à capacidade de uma unidade do porte do Salgado Filho. Problema se reflete na superlotação de emergências
A quantidade de leitos sem uso hoje nos hospitais do
município equivale à capacidade uma unidade de saúde de grande porte. O
Ministério Público estadual levantou que, neste mês, há 341 vagas indisponíveis
aos pacientes que precisam de internação, seja devido a obras, falta de insumos
e até mesmo de cama. O Souza Aguiar, no Centro, tem oficialmente 368 leitos,
mas 45 estão impedidos. Desses ,24 por causa de reformas. Os números, como
adiantou ontem o“RJ- TV 1”, da TV Globo, se referem anove unidades da
prefeitura. Um dos reflexos da falta leitos pode ser visto na superlotação das
emergências.
Ainda de acordo com o MP, parte das emergências opera hoje
acima do limite. O Souza Aguiar é um exemplo desse caos: anteontem, a taxa de
ocupação chegava a 243,3%. Na sala amarela destinada aos adultos, o percentual
atingia 327,8% — embora haja 18 leitos, o total de atendidos era de 59.
No Salgado Filho, o número de pacientes na emergência
também era mais que o dobro da capacidade: uma taxa de 227,6%. A ocupação era
de 66 doentes para 29 leitos.
— Uma emergência deve funcionar, no máximo, com 90% da sua
capacidade. Essas unidades estão totalmente fora do padrão: no Souza Aguiar, se
você absorve cem pacientes, você tem outros 143 sendo atendidos sem as
condições mínimas necessárias — afirma o presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj),
Sylvio Provenzano.
No Hospital Ronaldo Gazolla, em Acari, onde funcionários
estão em greve por causado atraso dos repasses para a organização social (OS),
que administra a unidade, 60% das vagas para internação — são 269 leitos no
total —não estão disponíveis.
—A prefeitura deveria cobrar maior desempenho das OSs e
criar condições para que esses hospitais funcionem na sua plenitude — diz Jorge
Darze, presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam).
A Secretaria municipal de Saúde afirmou, em nota, que a
prefeitura vem implementando ações de ajustes “para adequar seus serviços ao
poder de gasto da administração municipal, que diminuiu com a crise financeira
e com a baixa arrecadação”. Sobre os leitos impedidos, respondeu apenas sobre o
Souza Aguiar, dizendo que as vagas ficam em setores em obras e que a direção da
unidade trabalha para liberá-las “o mais breve possível”.