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Na Mídia - Missão da vez: chegar feliz e saudável à terceira idade

O Globo / Sociedade

16/06/2018


Participantes de debate do GLOBO discutem fórmulas para envelhecer sem perder qualidade de vida 

É manhã de quinta-feira e a servidora aposentada Tania Nogueira, de 85 anos, deixa seu apartamento em Copacabana e anda quatro quarteirões até sua academia, no mesmo bairro. É o segundo dia da semana em que faz musculação. Os outros são dedicados às aulas de pilates. Quando acaba os exercícios físicos, dedica-se a um grupo de WhatsApp em que marca passeios pela cidade, idas ao cinema e viagens com amigas. Sua rotina é um exemplo do que os médicos definem como envelhecer sem abrir mão da qualidade de vida. Na última quarta-feira, em uma edição do Encontros O GLOBO Saúde e Bem-estar, especialistas apresentaram diversas fórmulas para manter a disposição e o vigor na terceira idade.

— Talvez eu seja a mais velha do meu grupo, mas todo mundo se impressiona com meu fôlego — orgulha-se a aposentada. — Faço periodicamente exames médicos, não fumo, bebo pouco e estou sempre acompanhada.

Curador do evento, o cardiologista Cláudio Domênico aprova as saídas dela com as amigas.

— O isolamento social é tóxico. Bons relacionamentos nos mantêm livres e saudáveis — recomenda Domênico, que fez a curadoria do debate, mediado pela jornalista do GLOBO Josy Fischberg. — Podemos nos vacinar de nossos problemas com amigos, meditação, trabalho voluntário, hobbies e espiritualidade.

O padre Javier Perez, de 94 anos, apoiou-se em orações para superar um câncer de pulmão em janeiro, e atribui sua longevidade às longas caminhadas. Quando era mais jovem, gostava de subir morros. Agora, trocou as aventuras pela “contemplação da praia”.

O segredo para viver muito é o movimento, seja ele físico, intelectual ou espiritual — revela. — Subi a pé todos os morros do Rio. Na Pedra da Gávea, por exemplo, fui 15 vezes. Estou vivendo o momento mais feliz da vida, porque leio e oriento muitos jovens. Quero ser útil, isso me anima a seguir em frente.

     

SONHO DA HUMANIDADE

A busca pela longevidade faz parte da História. Entre seus personagens está o espanhol Juan Ponce de León, morto por índios em Cuba enquanto procurava a Fonte da Juventude. Antes dele, no século XIII, o frade franciscano Roger Bacon foi o primeiro a sugerir medidas que, até hoje, são corroboradas pela medicina para retardar o envelhecimento — entre elas, o repouso adequado, a boa higiene e o estilo de vida moderado. Só errou ao recomendar a inalação do hálito de uma virgem.

Para Salo Buksman, coordenador da Câmara de Geriatria do Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj), o envelhecimento humano é um “artefato da civilização”:

— No século XIX, a sobrevida média na Inglaterra e na França era de 32 a 33 anos. Hoje, em locais de alto poder socioeconômico, como Mônaco, chega a 37 anos. Este pulo é resultado, entre outras causas, da melhoria das condições sanitárias, da nutrição e de avanços terapêuticos contra doenças que matavam precocemente, como infecções. Foi o avanço da civilização que permitiu o aumento da longevidade.

Buksman avalia que a população sabe as receitas que podem estender nossa vida útil em até cinco anos, mas tem dificuldade de adotá-las em seu cotidiano.

— A qualidade de vida é fundamental. Quem quer viver com artrite, cansaço e estar vulnerável a quedas? — questiona. — Todos querem preservar a capacidade para manter até o final a autonomia e a capacidade de manter sua independência.

Professor titular de Geriatria da PUC-Rio, Roberto Alves Lourenço, reconhece que a mudança no estilo de vida não é simples. Trinta anos atrás, por exemplo, musculação era associada quase exclusivamente à beleza. Hoje, sabe-se que evita a perda de massa.

A atividade física aumenta nossa resistência. Devemos fazê-la ao menos duas vezes por semana, em dias não consecutivos, e chegar a dez, 15 repetições de cada exercício — ressalta. — O ideal é privilegiar uma dieta de frutas, vegetais, grãos integrais e carne branca.