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Na Mídia - Faltam médicos no Hospital de Bonsucesso

Extra / Cidade

16/04/2018


Problema se agravou após a inauguração da nova emergência, em fevereiro

Quem procurou o Hospital Federal de Bonsucesso ontem tinha grandes chances de receber a mesma resposta: não há médicos para o atendimento. A falta de profissionais na unidade não é recente, mas ficou mais grave após a inauguração da nova emergência, no fim de fevereiro. Na ocasião, o espaço, que possui 3.500m² de área, contava apenas com três clínicos, dois ortopedistas, dois cirurgiões, uma pediatra e um neurologista, a mesma equipe que atendia nos 260m² onde funcionava antes a emergência do hospital. De lá para cá, quase nada melhorou.

A dona de casa Antônia Castro, de 46 anos, caiu de uma escada na sua casa em Ramos na manhã de ontem. Cheia de dores pelo corpo e com suspeita de luxação no tornozelo, foi levada pela filha Ingrid, de 23, à unidade. Ao passar pelo clínico geral, foi orientada a procurar um ortopedista. Sem profissional da especialidade no local, foi aconselhada a se dirigir ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, ou ao Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, ambos a mais de 10km dali. Antônia não foi a única. Quem procurava a pediatria também ficava sem atendimento.

— Isso aqui está uma pouca vergonha. Nem sei se vou para outro hospital. Estou pensando seriamente em ir para casa — reclamou a paciente, ao deixar a unidade.

Vivian dos Santos, de 19, também saiu sem atendimento do hospital, com o filho Vinícius, de um ano e meio. Ela contou que o menino está com uma gripe forte há um mês. A moradora da Penha já havia ido a uma UPA

e a uma Clínica da Família, também sem sucesso. Ela busca um diagnóstico:

— Não tem médico. Só estão atendendo os casos que consideram mais graves. O jeito vai ser voltar para casa.

Para protestar, médicos, funcionários e dirigentes do Conselho Regional de Medicina (Cremerj) programaram mais um ato público na entrada da emergência para a manhã de hoje. Fachada do Hospital Federal de Bonsucesso. Nas imagens ao lado, Vivian com o filho Vinícius e a dona de casa Antônia Castro com a filha Ingrid: nenhuma conseguiu atendimento ontem

Não tem médico. Só estão atendendo os casos que consideram mais graves Vivian dos Santos Dona de casa

Necessidade de 200 profissionais

Segundo o presidente do Cremerj, Nelson Nahon, levantamento feito pela direção do hospital, na ocasião da abertura da emergência, dava conta da necessidade de pelos menos 200 profissionais, sendo 161 médicos, para que o setor pudesse atender bem. Nahon disse ainda que, além da ortopedia e pediatria, há carência de clínico geral, cirurgião geral e cardiologistas.

— É uma emergência com mais de 3 mil m² e bem aparelhada. Só que o Ministério da Saúde nega a contratação de profissionais. O Hospital de Bonsucesso é a maior porta de entrada para emergência de trauma da região.

Ainda segundo o presidente do Cremerj, após reconhecer uma deficiência de mais de 3.500 profissionais nas nove unidades federais do Rio, além dos institutos nacionais de Cardiologia (INC) e de Traumatologia e Ortopedia (Into), o Ministério da Saúde teria recuado e informado que a necessidade real seria de apenas 140. O Ministério da Saúde informou que o número de profissionais previsto para seis hospitais e dois institutos no Rio é de 3.592, para assistência

Presidente do Cremerj cobra ação imediata do Ministério da Saúde

e apoio à assistência, em novo edital para processo seletivo já publicado. A ideia seria ampliar em 20% os atendimentos de oncologia, cardiologia e ortopedia. A nota informa ainda que, paralelamente, as emergências dos hospitais de Bonsucesso, Andaraí e Cardoso Fontes estão recebendo neste momento profissionais do processo seletivo anterior (médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem).