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Na Mídia - Hospital de Bonsucesso já recusa pacientes

O Globo / Rio

26/03/2018


Por falta de médicos, emergência nova que custou R$ 21 milhões restringe atendimento a casos graves

“Só para quem está morrendo”. Esta foi a resposta que a vendedora Yasmim Pereira, de 24 anos, moradora de Duque de Caxias, diz ter ouvido ao chegar ontem, desesperada, com dor de dente, à porta do Hospital Federal de Bonsucesso, por volta das 11h. A jovem não foi atendida na nova emergência da unidade, recém-inaugurada, mas sem condições de funcionar, de acordo com os profissionais do hospital, por falta de pessoal. Na sexta-feira, foi anunciada a decisão de atender, a partir de então, e até que haja uma solução definitiva, só os pacientes que estiverem em estado grave.

Disseram que não tem médico. Passei a noite sem dormir, com dor. Agora, vou voltar para casa e tomar um remédio — disse Yasmim Pereira.

NA RECEPÇÃO, SÓ UM SERVIDOR

 Ontem, vários atendimentos foram recusados. Na entrada, dois seguranças controlavam o acesso de pacientes e, na recepção, havia apenas um funcionário. Maria de Lourdes, de 56 anos, chegou com o marido e, muito nervosa, entrou e saiu rapidamente da emergência, reclamando que não havia médico sequer para “olhar o marido”.

— Agora vamos tentar ir ao Hospital Municipal Souza Aguiar. É o jeito. Olha a mão dele — disse a dona de casa mostrando as mãos do marido, que estavam trêmulas.

De acordo com o Ministério da Saúde, atualmente a equipe da emergência funciona com oito médicos, além de dez enfermeiros e técnicos. Mas o Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) estima que faltam aproximadamente 950 funcionários na unidade, entre 161 médicos de emergência, 190 de retaguarda e outros funcionários, de enfermeiros e fisioterapeutas a prestadores de serviço de limpeza e administração. O hospital continuará atendendo casos de vida ou morte, mas aconselha a população a não recorrer aos serviços da unidade durante a paralisação, que será interrompida quando o corpo de funcionários aumentar.

Depois de passar anos funcionando em contêineres improvisados, a emergência do Hospital de Bonsucesso foi reinaugurada num setor novo, com 3,7 mil metros quadrados, cujas obras custaram R$ 21 milhões.