Na Mídia - Polícia vai rastrear o trajeto feito por bandidos com ambulância e médico
O Dia /
17/10/2017
Objetivo é descobrir local da‘clínica’clandestina onde o profissional sequestrado atendeu traficante
Os investigadores da 21ª DP (Bonsucesso) tentam encontrar o local em que um tra ficante foisocorrido pelo médico sequestrado na madrugada de domingo apartir de três depoimentos e do rastreamento da ambulância roubada. Os bandidos pegaram o veículo na UPA do Complexo da Maré e levaram o médico e o trafi cante dentro até um lugar que seriauma clínica,provavelmente na Baixada.
Prestaram depoimento o médico
sequestrado, o motorista da ambulância e o supervisor operacional da empresa
Savior,que limpou o sangue do bandido do veículo antes da perícia
chegar.Segundo a polícia, por volta de 1h30, traficantes da Vila do João, na
Maré, trocaram tiros com policiais na Linha Amarela. Depois, socorreram um
comparsa baleado para a UPA da Maré. A notícia foi publicada ontem pelo Extra e
O Globo.
Na UPA havia três médicos: um
pediatra e dois clínicos-gerais, sendo um homem e uma mulher. O clínico-geral
atendeu o criminoso e observou que “estava com ferimentos no braço, cotovelo e
antebraço esquerdos, ‘completamente caído’ , tendo fei to oatendimento básico e
que ele deveria ser removido para hospital”.No entanto,os traficantes queriam
socorrer a quem eles chamavam de “chefe”
em uma clínica clandestina. A polícia acredita que o traficante ferido sejaThiagoFolly, oTH, chefeda facção
TCP na Maré.
A supervisão da UPA foi forçada a
pedir ambulância, que veio da unidade Engenho Novo. Em depoimento, o motorista
disse que “foi recebido na Maré por cerca de 50 traficantes armados e obrigado a
trocar de roupa com um deles dentro da ambulância”.O paciente socorrido tinha
“cabelos castanhos e escuros,era pardo e forte” —a mesma descrição de
TH.Omédico foi obrigado a entrar na ambulânciae,antes de sair da favela, disse
que “dois homens entraram no carro, fazendo perguntas sobre o quadro do
paciente, aparentando ser conhecedores da área médica, devido às perguntas
feitas”.Uma mulher também entrou na ambulância como acompanhante. O médico
disse que “por diversas vezes o ferido entrou em choque,emrazão da quantidade
de sangue perdida,tendo conseguido estabilizar minimamente o paciente”.Após
trafegar por “bastante tempo”,a ambulância parou em um local, onde outros
criminosos receberam o ferido. Ele, então, conta o colocaramem um carro preto,
“sempre de cabeça baixa”,e que foi deixado de volta na UPA da Maré. O médico
não reconheceu os criminosos por fotos. A ambulância foi devolvida às 11h de
domingo,“por um homem branco, alto, aparentando 30 anos” , segundo o supervisor
da Savior.“Fizemos o cálculo e concluímos que a ambulância trafegou 111 Km com
os criminosos”,disse o delegado Wellington Vieira.
Sequestro não foi comunicado
Os investigadores querem saber o motivo de a VivaRio,que
administra a UPA Maré, não ter comunicado à polícia que um médico havia sido
levado com uma ambulância. Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde disse que“a
VivaRio informou à secretaria sobre oocorrido após a liberação do médico” e que
colabora com a investigação. A VivaRio não retornou aos contatos.Em
depoimento,o médico disse que ficou refém por três horas e meia. A ambulância
foi devolvida às 11h, mas a polícia só soube do caso no fim dat arde,após o
registro feito na delegacia pela empresa Savior,responsável pela ambulância. A
polícia requisitou imagens das câmeras da UPA ,das vias expressas por onde a
ambulância teria passado (provavelmente a Wa shington Luiz)edo GPS do veículo.
A polícia acredita que o traficante seja oTHou outro bandido importante para o
tráfico pela inscrição em um fuzil (Tropa do TH) abandonado na fuga para a Maré
após o tiroteio com policiais e pela descrição física.TH foi indiciado pela morte do soldado da Força
Nacional Hélio Andrade pouco antes da Rio 2016, na Vila do João.O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio
considerou inaceitável que qualquer profissional de saúde sofra violência no
am-biente de trabalho.