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Na Mídia - Hospitais federais estão superlotados

Extra /

19/06/2017


Cremerj diz que faltam remédios e médicos: Ministério da Saúde rebate e garante atendimento

53 pacientes estavam na “emergência de lata” do Hospital de Bonsucesso, em abril: lotação é 25 45% dos médicos dos hospitais federais são terceirizados, segundo o Cremerj

Superlotação, falta de remédios e insumos, equipamentos quebrados ou com mau funcionamento. A lista dos problemas da rede de hospitais federais no Rio de Janeiro é longa, segundo o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj). No dia 4 de abril, a equipe de fiscalização do órgão encontrou 53 pacientes internados na Unidade de Suporte de Emergência (USE), que funciona em contêineres desde 2010 no Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), desrespeitando a capacidade máxima de 25 doentes, estabelecida num acordo firmado com o Ministério Público Federal.

Segundo o presidente do Cremerj, Nelson Nahon, a situação é comum no HFB, onde a USE é conhecida como “emergência de lata”. No dia da visita do conselho, pacientes estavam acomodados em cadeiras de sala de espera, alguns poucos em macas, espalhados pelos corredores.

— Minha tia está numa área reservada, mas tem muitos pacientes nos corredores, sendo atendidos em cadeiras. Outro dia, disseram que ia ter fiscalização, e os funcionários correram para arrumar tudo — conta a parente de uma senhora internada na enfermaria há 15 dias.

‘FALTA ATÉ MORFINA’

O HFB, o Hospital Federal do Andaraí e o Hospital Federal Cardoso Fontes são as unidades com mais problemas, aponta o Cremerj. Pelas estimativas do órgão, entre 40% e 50% das pessoas internadas no HFB têm algum tipo de câncer e passam dias recebendo atendimento nos contêineres. Ali, elas sofrem com a falta de atenção adequada e a dificuldade de realizar exames. Muitas já deveriam ter sido transferidas para enfermarias. No dia da vistoria, por exemplo, um homem com câncer de pulmão estava internado há 29 dias. Outros dois pacientes, um com tumor na laringe e outro com tumor na mandíbula, já estavam lá, sem conforto, há 25 e 26 dias, respectivamente. Na ocasião, além da superlotação, faltavam vários medicamentos, como morfina. Na falta de enfermeiros ou auxiliares, a triagem de doentes estava sendo realizada por recepcionistas.

— Médicos e enfermeiros trabalham sob estresse porque sabem que não podem fazer os exames, nem oferecer os medicamentos. Mas quem sai mais prejudicado é o paciente — diz Nahon: — Em novembro, estivemos no HFB e constatamos que na farmácia faltam 50% dos medicamentos necessários aos tratamentos de câncer. Falta até morfina. Seis meses depois, a situação é a mesma.

Na fiscalização de abril, médicos do Cremerj constataram que um dos dois tomógrafos do HFB estava quebrado e o outro vive inoperante. Passados dois meses, nada melhorou.

Governo federal nega acusações

Em março, em vistoria no Hospital Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, a equipe se deparou com uma emergência intransitável pela falta de leitos e pela demora na transferência. E faltavam insumos, como agulhas e antisséptico de pré-operatório.

No mesmo mês, o órgão esteve no Hospital do Andaraí. Lá, a emergência funcionava de forma improvisada numa área em que deveria estar a emergência pediátrica. O local foi fechado há uma semana, após um curtocircuito. No dia da visita, diz a equipe do Cremerj, havia apenas um médico no CTI para cuidar de 15 pacientes. O órgão afirma que entre 43% e 45% dos funcionários são terceirizados, que estão sendo dispensados ou pedindo demissão.

O Ministério da Saúde nega que haja desabastecimento de medicamentos oncológicos na rede federal do Rio e afasta qualquer risco de falta de médicos.

Segundo o diretor de gestão do Ministério da Saúde no Rio, Marcus Vinícius Dias, a maioria dos profissionais é concursada, mas ele não soube dizer quantos têm contrato temporário.

— Até maio, 216 contratos de diversa áreas foram encerrados em várias áreas da rede, mas, no mesmo período, 203 pessoas foram contratadas. Até agora têm acontecido as contratações — informou, garantindo que não há risco de falta atendimento.