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Na Mídia - Cremerj abre sindicância para apurar conduta de médica que não socorreu bebê

Extra /

08/06/2017


O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) abriu sindicância para apurar a conduta da médica responsável pela ambulância que iria prestar socorro ao bebê Breno Rodrigues Duarte da Silva, de 1 ano e 7 meses. A mulher aparece em imagens do circuito interno do condomínio dentro da ambulância, rasgando papeis, e deixando o prédio sem atender o bebê, como foi solicitado. Breno, que sofria de uma doença neurológica, morreu 90 minutos depois de a equipe ir embora.

"O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro abriu uma sindicância para apurar a assistência médica prestada a Breno Rodrigues Duarte da Silva. O Cremerj lamenta a morte do bebê e afirma que investigará minunciosamente o caso. O conselho reitera ainda que, como um dos princípios fundamentais da profissão, a saúde do ser humano deve ser o alvo de toda atenção do médico, que deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional", diz a nota da instituição.

 Breno sofria de epilepsia de difícil controle, e a família cuidava dele em casa, graças a um sistema de home care. Na quarta-feira, ele apresentou problemas de digestão, e seus pais chamaram uma ambulância, segundo eles às 8h20. A médica chega ao condomínio com o veículo por volta de 9h, mas deixa o prédio, na ambulância, às 9h13, sem subir para prestar o atendimento solicitado. Breno morreu às 10h26.

Segundo o pai do bebê, Felipe Duarte, funcionários do condomínio ouviram a médica, ainda não identificada, gritando de dentro da ambulância antes de ir embora.

— Me falaram que ela gritava que já tinha passado do horário dela e que não era pediatra - disse.

A ambulância ficou por cerca de treze minutos no condomínio, deixando o local às 9h13. Nas imagens, o relógio marca 10h13. Mas, segundo Felipe, o computador estava em horário de verão.

- O computador estava em horário de verão. Na verdade, eles chegaram por volta de 9 e pouca e deixaram o local às 9h13 - disse.

O bebê morreu às 10h26. O primeiro chamado foi feito às 8h20. Felipe ainda falou que entrou em contato com a Unimed-Rio após o falecimento do menino.

- Eu liguei e falei o que tinha acontecido. Eles lamentaram, pediram desculpas e falaram que vão prestar todo o auxílio possível. Mas agora não adianta mais. Quando eles poderiam ajudar, falharam - disse.

Breno está sendo velado no Cemitério do Caju, na Zona Norte do Rio. O enterro está marcado para 15h. O pai da criança lamentou o ocorrido e fez um apelo à funcionária da Cuidar Emergências Médicas, que presta serviço ao plano de saúde Unimed.

 

— No tenho raiva. Só desejo que ela jamais faça isso de novo. Como ela vai pagar, qual punição vai ter, não cabe a mim julgar. Cabe à lei o caminho que ela vai seguir. Meu filho era especial. Pais de filhos especiais já sofrem querendo dar o melhor para as crianças, e vem uma pessoa assim e não cuida, justamente quando mais precisa. Meu filho precisava de cuidado. Se ela não tivesse se omitido, ele poderia estar vivo agora — disse, com a voz tomada pela tristeza.

Ainda segundo Felipe, a técnica de enfermagem que estava na casa do casal no momento em que o menino teve a crise, nesta quarta, auxiliou a todo momento.

— Ela foi ótima, fez tudo o que estava ao alcance. Ela estava em contato com a médica (a pediatra que acompanha o menino) a todo momento. O problema de ontem (quarta-feira) foi relacionado a algum problema intestinal. Ele não estava digerindo bem a comida. Na terça havíamos falado com a pediatra e ela nos disse que ele precisaria entrar no soro e que solicitaria a internação no dia seguinte. Quando a ambulância chegou, meus porteiros me avisaram e eu autorizei a subida. Mas ninguém nunca subiu — disse.

 A esposa da Felipe, Rhuana Rodrigues, está grávida de dois meses. Ela também conversou com o EXTRA e classificou o que ocorreu como "desumano".

— Agora eu vou viver com esse "se" para o resto da minha vida: se ela tivesse levado será que o meu filho estaria vivo? Ele morreu uma hora e meia depois. Dava muito tempo de ter levado ele ao hospital. É desumano. Eu abri mão da minha vida para cuidar do meu filho que era especial e agora não tenho mais o meu Breno. Ela negou socorro — disse.

A Unimed-Rio lamentou a morte do bebê e descredenciou a empresa Cuidar. A médica ainda não foi identificada. "A Unimed-Rio lamenta profundamente o falecimento do pequeno Breno Rodrigues Duarte da Silva na manhã desta quarta-feira, 7/6 e vem prestando apoio irrestrito à família nesse momento tão difícil. A cooperativa tomará todas as providências para descredenciar imediatamente o prestador "Cuidar", pela postura inadmissível no atendimento prestado à criança. Além disso, adotará todas as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis em razão da recusa de atendimento por parte do prestador de serviço".

O caso está registrado na 16ª DP (Barra da Tijuca).

Despedida emocionada

No Facebook, Felipe publicou um texto de despedida do filho em tom emocionado:

"Breno meu amado filho! Pq se foi tão rápido?!? Ainda tínhamos tanto para viver... cada momento juntos foi tão maravilhoso! Vc nos trouxe tantos ensinamentos, tanto amor e tanta esperança! Se vc soubesse o quanto todos nós te amamos!! Tenho certeza que agora vc está em um lugar melhor e um dia vamos nos reencontrar".