Na Mídia - Hospital da Mulher, em Cabo Frio, RJ, tem portas fechadas nesta quinta

O Hospital da Mulher de Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio, amanheceu de portas fechadas nesta quinta-feira (1º). Um cartaz na porta da unidade avisa à população que a unidade não realiza atendimentos. Homens fazem reparos na frente da unidade. Na quarta (30), a Secretaria de Saúde de Arraial do Cabo fez uma denúncia ao Ministério Público por omissão de socorro por parte do serviço municipal de saúde de Cabo Frio.

Na noite desta terça (29), o Hospital Geral de Arraial recebeu 10 mulheres em trabalho de parto que não conseguiram atendimento em Cabo Frio, segundo a direção da unidade, que afirma estar superlotada.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que enfrenta problemas no Hospital da Mulher porque médicos concursados estão faltando ao plantão em função da greve do município. De acordo com a Prefeitura, os profissionais que estão trabalhando atendem aos pacientes já internados na unidade. O município disse, ainda, que o Cremerj não permite que o hospital abra para a população com menos de dois médicos.

Por meio de nota enviada pela assessoria de imprensa, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Janeiro (Cremerj) afirmou que "a Secretaria Municipal de Cabo Frio mente ao afirmar que conselho pediu o fechamento do Hospital da Mulher de Cabo Frio". Segundo a nota, o quantitativo de médicos obstetras no Hospital da Mulher de Cabo Frio é insuficiente para atender a demanda.

A garçonete Lilian da Silva Pereira foi umas pacientes que ficou quatro horas tentando ser atendida por um médico em Cabo Frio e acabou indo para Arraial do Cabo para ter a filha Maria Luisa. Ela fez uma cirurgia de emergência. A bebê passa bem, mas ela teve que retirar o útero.

O Hospital Geral de Arraial tem dois obstetras e os médicos quase não dão conta do número de gestantes que procuram a unidade.

Por meio de nota a Secretaria Municipal de Saúde de Cabo Frio disse que "o momento não é de denúncias ou desentendimentos", e que "os municípios deveriam se unir em prol de um melhor atendimento à população" (veja a nota na íntegra abaixo).

Caos na saúde

No começo deste mês o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro divulgou uma nota classificando a situação da saúde de Cabo Frio como crítica. O Cremerj informou que fiscalizou recentemente os cinco hospitais da cidade e as duas UPAs e que foi constatado que elas "continuam sem condições adequadas de funcionamento".

Na semana passada, o MP ajuizou duas ações civis públicas contra o caos na saúde em Cabo Frio. O órgão pede a regularização dos atendimentos no Hospital da Mulher, com melhoria da estrutura e de número de funcionários.

A multa diária para o não cumprimento dessa medida é de R$ 10 mil ao prefeito e à secretária de saúde.

Em outra ação, o MP pede providências para que seja normalizado o número de funcionários trabalhando no Hospital Central de Emergência e no São José Operário. Pede ainda melhorias na estrutura da unidade, instalação de sistema de ponto eletrônico pra controlar a presença dos funcionários.

E caso as medidas sejam descumpridas, novamente cabe multa de R$ 5 mil para o prefeito e a secretaria de Saúde. 

Essas ações estão sendo analisados pela Justiça. A Prefeitura de Cabo Frio ainda não se posicionou sobre o caso.

Na nota enviada pelo Cremerj nesta sexta-feira (2), o órgão acrescenta que "há meses o Cremerj tem trabalhado em conjunto com o Ministério Público e a Defensoria Pública para garantir melhorias em todas as unidades de saúde do município, tendo como um dos principais pontos críticos o número insuficiente de médicos, além da falta de material e de insumos mínimos para um atendimento digno à população".

Nota da Prefeitura de Cabo Frio

Veja na íntegra a nota enviada pela Secretaria de Saúde de Cabo Frio nesta terça-feira (30):

"Para a Secretaria Municipal de Saúde de Cabo Frio o momento não é de denúncias ou desentendimentos.  Os municípios deveriam se unir em prol de um melhor atendimento à população.  Arraial do Cabo não pode afirmar que está atendendo toda a população de Cabo Frio porque não procede essa informação. 

Estamos enfrentando problemas, alguns dias da semana, no Hospital da Mulher porque médicos concursados, que não podem ser demitidos, acabam faltando o plantão em função da greve no município. O CRM não permite que o Hospital abra para a população com menos de dois médicos na unidade de saúde, e os profissionais que se encontram trabalhando, precisam prestar atendimento aos pacientes já internados.

É bom lembrar que na semana passada uma paciente de Arraial do Cabo grávida, com o feto com má formação, veio buscar atendimento em Cabo Frio e foi muito bem atendida. Segundo ela, o próprio médico de Arraial do Cabo, mandou a paciente buscar atendimento no Hospital da Mulher por ter UI Neonatal, o que Arraial não possui.

Os pacientes de Arraial do Cabo também fazem exames como tomografia e ressonância magnética em Cabo Frio porque Arraial não dispõe de equipamentos para esses exames, e nem por isso, os pacientes deixam de ser atendidos.

Cabo Frio também paga mensalmente ao Onkosol 600 mil reais referente ao atendimento de pacientes de São Pedro da Aldeia, Búzios e Arraial do Cabo, por entender que o SUS é para todos.

Estamos fazendo um levantamento com o número de atendimentos prestados à pacientes de Arraial do Cabo, Búzios e São Pedro da Aldeia desde 2013 que são custeados por Cabo Frio, já que os municípios vizinhos não contam com todas as especialidades médicas que Cabo Frio possui.