CRM promove evento em homenagem ao Dia da Consciência Negra
24/11/2022
O CREMERJ promoveu, nessa segunda-feira, 21, um evento em homenagem ao Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, em sua sede, em Botafogo, na Zona Sul da capital. Com o tema “O CREMERJ celebra o Dia da Consciência Negra: Promover a Igualdade Racial é o dever de todos”, o encontro contou com palestras e debates. O evento foi organizado pela Coordenação de Educação Médica Continuada e pelo Grupo de Trabalho (GT) de Atenção a Vulneráveis e Violência de Gêneros e Etnias do Conselho.
A primeira palestra, chamada “Os pés como sinônimo da liberdade – amputações de membros inferiores como reflexo da dificuldade de acesso aos serviços de saúde”, foi apresentada pela médica cirurgiã vascular do Hospital Federal dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro, Emília Bento. Ela fez uma reflexão relacionada aos pés, mostrando como a arte retratava os escravos, sempre descalços, como sinônimo da sua condição. Ela também fez uma analogia da situação com a cirurgia vascular, área que atua na medicina e que acomete muito os membros inferiores.
“Para mim, hoje é realmente um dia histórico, que foi suscitado por um questionamento e esse questionamento teve resposta. Essa data deve existir para lembrar que políticas devem ser adotadas. É muito importante esse primeiro passo. Trabalho nos Servidores desde 2006 e até hoje, em 2022, não temos nenhum médico formado além de mim de tom de pele negra”, disse ela que, na introdução, explicou que uma colega do setor de enfermagem sofreu com um comportamento preconceituoso de outra profissional na unidade.
Já a segunda palestra foi ministrada pela médica chefe da divisão de diagnóstico do Hospital do Câncer I (Inca), Raquel Guimarães, que falou sobre “Disparidades Raciais no Acesso ao Tratamento Oncológico no Brasil”. “O racismo e a dificuldade do acesso à saúde da população negra têm sido pauta de debates e espero que esse tema não seja um modismo e que tenha vindo para ficar, porque temos muito para discutir”, complementou.
Na sequência, a oficial Heloá Souza, que é médica traumatologista do Hospital Central do Exército do Rio de Janeiro discursou sobre o “Acesso à Medicina: um caminho para equidade”. “Apesar da lei de cotas ter sido implementada em 2012, exclusivamente na faculdade de medicina não mudou o percentual de estudantes negros nas faculdades. E, com isso, além de poucos alunos de medicina negros, temos poucos professores também”, acrescentou.
Já a palestra “Reflexões sobre a saúde mental da população negra” foi o tema que encerrou o evento, ministrado pela psiquiatra Mayara Cezario, que é médica preceptora do internato de saúde mental da Unigranrio. “Vou falar de um assunto que abordei na minha residência. Veio a partir da falta que eu senti de estudar mais psiquiatras negros. A palavra é nossa ferramenta de luta. Falar é um ato de resistência também e se torna muito importante para a gente oferecer o que há de melhor para nossa população”, frisou.
A abertura contou com a participação do presidente do CREMERJ, Clovis Munhoz; da segunda vice-presidente do Conselho, Célia Regina da Silva; da coordenadora do GT de Atenção a Vulneráveis e Violência de Gêneros e Etnias, Solange Souza; do presidente da Associação Médica do Estado do Rio de Janeiro (Somerj), Benjamin Baptista, que também é diretor do CREMERJ; e do ex-presidente do Conselho, Sylvio Provenzano. O conselheiro responsável do GT, Antônio Abílio de Santa Rosa, participou do momento de debates.
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