Síndrome alcoólica fetal é debatida em webinar do CREMERJ

O CREMERJ, no dia 9 de setembro, realizou um webinar (seminário on-line) para debater uma doença muitas vezes subestimada: a síndrome alcoólica fetal (SAF). O evento foi promovido pelo Grupo de Trabalho (GT) de Drogas Lícitas e Ilícitas do Conselho.

Na abertura, a segunda vice-presidente do CREMERJ, Célia Regina da Silva, destacou a satisfação do grupo em realizar o evento na mesma data em que se celebra o dia mundial de prevenção da SAF. “Todos os anos, abordamos esse assunto importantíssimo. Sabemos que cada vez mais os índices de consumo de álcool aumentam em nosso país, incluindo mulheres na fase reprodutiva. Essa é uma grande preocupação sobre a qual precisamos refletir”, disse Célia.

A primeira aula ficou a cargo do doutor e mestre em neurologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), José Mauro Braz, que trouxe um olhar sobre as questões de saúde pública em relação à síndrome. “No início do ano 2000, a produção de cerveja no Brasil era de 2 bilhões de litros. Já em 2020, o país produzia 19 bilhões de litros. Trata-se de um aumento expressivo. Grande parte dessa produção, sem contar destilados e outros, acaba sendo consumida aqui mesmo, o que traz um risco maior em relação a outros países que também têm grande consumo, mas que já possuem políticas públicas e programas que abordam a SAF de forma estruturada”, ressaltou o médico.

Na sequência, a segunda exposição contou com a participação do conselheiro Guilherme Toledo, que também é o responsável pelo GT. Ele trouxe uma abordagem sobre o consumo de álcool entre as mulheres e os riscos na gravidez. “Muitas gestações acabam não terminando conforme o desejado, que seria com o nascimento de um bebê saudável. Uma situação que pode provocar isso é o uso de drogas lícitas e ilícitas nessa fase. No mundo todo, tal quadro vem se agravando, pois, apesar de haver uma redução do consumo de tabaco, há um aumento do uso de álcool, principalmente por parte das mulheres”, afirmou ele.

A terceira palestra, ministrada pelo doutor em psiquiatria pela UFRJ, Marco Aurélio Negreiros, foi sobre os aspectos cognitivos e comportamentais da SAF. Na ocasião, ele enumerou fatores que dificultam o diagnóstico, entre eles a eventual morte da mãe do portador da doença, os estigmas sociais e os déficits não aparentes que tendem a reduzir após a puberdade.

Por fim, a última aula foi apresentada pelo psiquiatra no Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (ENSP/FIOCRUZ), Mário Roberto Romano, que falou acerca das ações de prevenção e intervenção breve. Na oportunidade, ele sugeriu uma ampla divulgação dos problemas que a ingestão de álcool pode causar durante a gravidez, utilizando rótulos de alerta a serem inseridos nas embalagens de bebidas alcoólicas e propagandas em grandes veículos de comunicação.

Antes do encerramento, foi realizado um debate moderado pelo diretor do CREMERJ Benjamin Baptista, que também é coordenador do GT e presidente da Sociedade Médica do Estado do Rio de Janeiro (Somerj). Nessa etapa, o público pôde fazer perguntas que foram respondidas pelos especialistas.

A íntegra do webinar está disponível no canal do CREMERJ, no YouTube. Clique aqui para assistir.