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CREMERJ faz vistoria em maternidade do Rio de Janeiro

11/12/2009

Situação das unidades é crítica por causa da falta de médicos


Nas últimas semanas, o CREMERJ percorreu algumas maternidades públicas da capital para apurar graves denúncias de falta de recursos humanos e insumos. Nesta sexta-feira, dia 11, a Comissão de Saúde Pública do Cremerj esteve na Maternidade Oswaldo Nazareth (Praça XV), no Centro. Também foram vistoriadas as maternidades Fernando Magalhães, em São Cristóvão, e Leila Diniz, na Barra da Tijuca. Todas as unidades têm falta de médicos, principalmente anestesistas, pediatras (neonatologistas) e obstetras. “Estamos percorrendo as unidades para elaborar um relatório que será encaminhado ao Ministério Público estadual, que está empenhado em nos ajudar a cobrar medidas concretas por parte dos gestores”, afirma Pablo Queimadelos, diretor secretário-geral do CREMERJ e também coordenador da Comissão de Saúde Pública do CREMERJ.

 

Hospital Maternidade Oswaldo Nazareth – Maternidade Praça XV
Há mais de um ano, a Maternidade Praça XV sofre com a falta de médicos, o que teria provocado, inclusive, a redução da oferta de leitos. Atualmente, os plantões da unidade contam com apenas dois médicos plantonistas que ficam responsáveis pelo suporte às salas de parto, pela rotina em 70 leitos do alojamento conjunto, cinco leitos da Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal (UTI) e 15 da Unidade Intermediária (UI) e mais os pacientes isolados que chegam à maternidade.  

Faltam 32 pediatras (neonatologistas), 23 obstetras, além de anestesistas, radiologistas e psiquiatras. Também há carência de outros profissionais de saúde como fisioterapeutas, psicólogos e mais de 20 enfermeiros.  Desde junho de 2009, a maternidade tem funcionado com cerca de 70% da sua capacidade em função da redução dos contratos de prestação de serviço terceirizados. 

A farmácia, que atende todos os pacientes internados, fecha as portas às 17h de segunda a sexta-feira por falta de funcionários. Para não deixar os pacientes sem medicação à noite, as enfermeiras calculam a previsão dos medicamentos de cada paciente e pedem um estoque à farmácia. Se um paciente tiver alguma complicação durante a noite e precisar de outra medicação, ele não será atendido enquanto a farmácia não for reaberta. 

Outra denúncia grave é que o acesso à escada da lateral do prédio é mantido trancado, após as 20h, porque não há seguranças disponíveis para o local. Como só existem dois acessos – um pelo elevador e outro pela escada, caso haja necessidade de evacuação da unidade por causa de um incêndio, por exemplo, as pessoas não teriam como sair do prédio. O CREMERJ vai oficiar o Corpo de Bombeiros para relatar a gravidade desta situação. Um fato preocupante é o gerador da maternidade, que é muito antigo e falhou no dia do apagão, deixando o hospital sem energia elétrica por uma hora e meia. Os problemas prediais teriam sido resolvidos se a Maternidade Praça XV tivesse sido transferida para um prédio anexo ao Hospital Municipal Souza Aguiar que está em construção há cerca de dez anos.

 

Maternidade Fernando Magalhães
A Comissão de Saúde Pública do CREMERJ vistoriou a Maternidade Fernando Magalhães, uma unidade referência para gestantes de alto risco, para apurar a denúncia de que as equipes médicas estavam seriamente desfalcadas. Durante a vistoria, o CREMERJ constatou que recentemente houve a saída de 15 neonatologistas (intensivistas pediátricos), sendo um por óbito, um por aposentadoria e os outros 13 médicos que pediram exoneração. O motivo da saída destes 13 médicos foram os baixos salários, a falta de recursos e a excessiva demanda de atendimentos. 

Atualmente, a equipe de rotina da maternidade conta com apenas cinco médicos e não tem plantonistas para atender a UTI e a UI (Unidade Intermediária). Os plantões são realizados por apenas dois médicos que ficam responsáveis pelo atendimento simultâneo da emergência, da sala de parto, da UTI neonatal (20 leitos), UI (24 leitos) e 40 leitos de alojamento conjunto. A falta de leitos em UTI pediátrica na rede pública tem causado a permanência de pacientes crônicos com idade para migrar para a UTI pediátrica, mas que continuam ocupando leitos da UTI neonatal. 

O CREMERJ também constatou que faltam anestesistas e clínicos, além de profissionais de outras especialidades como fisioterapeutas neonatais, enfermeiros e psicólogos. Também há necessidade de equipamentos como monitores cardíacos, oxímetros, respiradores e incubadoras de transporte. Das três incubadoras que estavam na unidade, apenas uma está em funcionamento, o que dificulta a transferência para outras unidades. Os médicos relatam que também não conseguem transferir pacientes pelo serviço do município, porque a prefeitura só conta com duas ambulâncias neonatais para atender toda a rede municipal.

 

Maternidade Leila Diniz
O CREMERJ, que realizou uma vistoria na Maternidade Leila Diniz há cerca de três meses, voltou à unidade para um levantamento sobre a falta de médicos na unidade. Classificada como referência no atendimento a gestantes de alto risco, a maternidade tem um CTI pediátrico pronto e aparelhado há mais de um ano, mas que segue fechado porque não houve contratação de médicos intensivistas. A maternidade ainda sofre com a carência de pediatras e obstetras: são 38 médicos compondo o corpo clínico, enquanto o ideal seriam 50. “Há uma carência de CTI pediátrico na cidade, então é um crime a Prefeitura manter estes leitos fechados, porque não oferece salário decente para lotar pediatras intensivistas lá”, afirma Pablo Queimadelos. 

A unidade, que faz cerca de 430 partos por mês, está superlotada: 40 pacientes internadas e sete grávidas - com complicações - acomodadas em macas numa sala de exame, aguardando vaga na enfermaria. As mesas de parto estão fora do padrão e obrigam os médicos a ficar de joelhos para fazer certos procedimentos. Os funcionários também informaram que, em casos de falta de energia como no dia do apagão, os elevadores para transporte de pacientes na maternidade não são acionados pelos geradores. Como a unidade tem dois andares e não tem rampas, a falta de luz impediria o transporte das pacientes.