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CREMERJ faz pesquisa sobre saúde pública no Rio de Janeiro

23/07/2019

O CREMERJ realizou uma pesquisa sobre a percepção dos moradores da cidade do Rio de Janeiro em relação à saúde pública. O objetivo era entender o índice de utilização dos cariocas do Sistema Único de Saúde (SUS), a avaliação que eles fazem do serviço prestado bem como a frequência com que utilizam o mesmo, além de identificar os principais impasses que resultam numa má experiência ao usar o sistema.

A pesquisa, feita pelo Instituto Insider, foi quantitativa, descritiva e conclusiva; usou o método de entrevistas pessoais. Foram mais de 200 pessoas acima dos 18 anos de idade entrevistadas durante o mês de julho.

“Pela amostragem, a população está bastante insatisfeita com a assistência fornecida pelo sistema público de saúde. Alguns serviços, como é o caso das clínicas da família, são reconhecidos pelos cariocas, mas recursos não são aplicados para a melhoria dos mesmos. Nossos gestores deviam estar atentos a estas causas e interessados em conhecer a opinião do usuário, assim como o CREMERJ fez. É de suma importância entender isso para as tomadas de decisão que, muitas vezes, são apenas baseadas em estudos técnicos, ignorando a percepção da população acerca do SUS, que é o que realmente importa”, destacou a coordenadora da Comissão de Saúde Pública do CREMERJ, a conselheira Margareth Portella.

Utilização do SUS
De acordo com a pesquisa, em média, o morador da cidade do Rio de Janeiro costuma ir ao médico a cada 15 meses. O levantamento mostra que os que menos buscam atendimento médico são os homens (a cada 17 meses), de classe A/B (a cada 16 meses), moradores da Zona Suburbana (a cada 23 meses) e que têm plano de saúde (a cada 18 meses).

Já em relação à utilização dos serviços do SUS, um em cada cinco (ou 21%) entrevistados declarou não utilizar o sistema, principalmente os de classe A/B (34%), da Zona Suburbana (49%) e os que têm plano de saúde (52%). Os demais costumam utilizá-lo, em média, a cada 13 meses. Fato é que 44% usam este sistema anualmente e 24% a cada semestre.

Considerando apenas os que costumam utilizar o SUS, as unidades mais frequentadas são: clínica da família (63%), Unidade de Pronto Atendimento (UPA) (50%), posto de saúde (32%), hospitais (18%) e emergência/urgência (7%). Levando em consideração a unidade principal escolhida, os números praticamente se mantêm: clínica da família (53%), UPA (20%), posto de saúde (19%), hospitais (5%) e emergência/urgência (3%).

Observou-se, ainda, no levantamento, que, para 55% dos entrevistados, a clínica da família é a unidade do SUS que oferece o melhor serviço, principalmente entre os moradores da Zona Oeste (79%). Em seguida, iguais 14% elegem as UPAs e os postos de saúde. A UPA, aliás, é preferida pelos de classe D/E (30%) e do Centro/Zona Norte (28%) ao passo que os postos de saúde se destacam entre os moradores da Zona Suburbana (28%).

Avaliação dos usuários
Em relação ao atendimento no SUS, 54% consideraram como péssimo (24%) ou ruim (30%). Entre os pontos negativos, foram destacados: número reduzido de médicos para atender a grande demanda, déficit de equipamentos e aparelhos, falta de medicamentos e curativos e demora na marcação de consultas, exames e procedimentos. Quanto à experiência positiva no SUS, a população citou a agilidade e o bom atendimento da equipe médica.

As unidades mais bem avaliadas foram os postos de saúde e a clínica da família. E os piores foram as emergências/urgências e os hospitais. Sobre os postos de saúde, 59% e 2% avaliaram como ótimo ou bom. Para 47% e 2% dos entrevistados, as clínicas da família são boas e ótimas. Já as UPAs foram consideradas como boas e ótimas por 38% e 1% das pessoas. Com relação aos hospitais e às emergências/urgências, respectivamente, 22% e 17% consideraram como bons.

Sobre o Sistema de Regulação de Vagas (Sisreg), 30% dos entrevistados, principalmente entre os moradores da Zona Oeste (51%), disseram ter algum parente, amigo ou mesmo um conhecido aguardando por uma cirurgia ou exame na fila do mesmo. Cinquenta e nove por cento (59%) declararam que não conheciam ninguém nesta situação e 8% não souberam dizer. Três por cento (3%) informaram que não sabiam o que era o Sisreg.

Em relação ao tempo que ficam aguardando por um atendimento no SUS, a percepção é de que a população idosa é a mais prejudicada. Do total, 43% disseram que os idosos são os que ficam mais tempo esperando para serem atendidos, seguido dos adultos (30%) e dos bebês/crianças (2%).

Pouco mais da metade (ou 56%) dos entrevistados que tem um plano de saúde disse que manteria seu plano de saúde mesmo que o SUS passasse a prestar um atendimento mais acolhedor e eficiente. Já 37% optariam por cancelar seus planos de saúde e utilizariam o sistema público.

Fator que mais prejudica o SUS
Ainda na pesquisa, os entrevistados apontaram o que, na opinião deles, é o fator que mais prejudica o funcionamento do SUS. “Corrupção, roubo e desvio de recursos financeiros” é o motivo principal, considerado por 32% das pessoas. Em seguida, 21% citaram “Má gestão, administração dos recursos e de dinheiro público” e 14% mencionaram a “falta de recursos e de dinheiro público”. Na sequência, vieram: “Falta de médico, enfermeiro, técnico, profissionais de saúde”, com 12%; “Falta de material, equipamentos, insumo, medicamento”, com 10%; “Falta de infraestrutura em hospital, UPA, posto de saúde etc.”, com 8%; e “Despreparo de médico, enfermeiro, técnico, profissionais de saúde”, com 4%.

“A pesquisa como um todo é muito importante, pois trouxe um olhar real do usuário. A população entende quais são as razões que têm prejudicado o SUS. O usuário não culpa o médico nem os demais profissionais que atuam nas unidades, mas, sim, a corrupção, a má gestão e o sucateamento. Além disso, justifica como experiência positiva no SUS o bom atendimento médico”, ressaltou o presidente do CREMERJ, Sylvio Provenzano.

Perfil dos entrevistados
Sobre o perfil sócio demográfico da amostra, é possível destacar que: as mulheres representam ligeira maioria: 53% contra 47% de homens; a idade média dos entrevistados é de 41 anos – 23% têm de 31 a 40 anos e 21% têm de 41 a 50 anos –; a renda familiar média é de R$ 6.360; a maior parte é de classe C (46%) e outra boa parte é de classe B (36%). Já a classe A representa apenas 5% e 13% são de classes D/E.

Ainda sobre o perfil dos entrevistados, 39% eram moradores da Zona Oeste, 32% da Zona Suburbana*, 16% da Zona Norte**, 10% da Zona Sul e 3% do Centro da cidade. Sessenta e dois por cento (62%) são casados, 30% são solteiros, 7% são separados e 1% é viúvo. Em relação ao grau de instrução, 56% têm até o ensino médio completo, 22% possuem uma graduação completa e 22% têm o ensino fundamental completo ou incompleto. Trinta e dois por cento (32%) estão empregados em empresa privada, 23% são profissionais liberais, 13% são aposentados ou pensionistas, 12% são empregados em empresa pública e 9% são donas de casa. Sessenta e nove por cento (69%) dos entrevistados têm filhos e 65% não têm plano de saúde – 35%, naturalmente, possuem.

Para a Zona Suburbana*, a pesquisa considerou moradores dos bairros Pavuna, Irajá, Madureira, Ilha do Governador e Complexo da Maré. Já para a Zona Norte** foram considerados residentes dos bairros Méier, Tijuca, Rio Comprido e São Cristóvão.