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Com 100 leitos bloqueados, Huap tem superlotação de pacientes

21/03/2019

Com apenas 65% dos leitos disponíveis, o Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap), referência no atendimento de alta complexidade em Niterói e São Gonçalo, enfrenta superlotação e tem pessoas internadas nos corredores. Cem dos 290 leitos existentes estão bloqueados e não têm sido usados por pacientes. A unidade foi vistoriada nesta quarta-feira (20) pelo Departamento de Fiscalização (Defis) do CREMERJ. A diretora Rafaella Leal e o defensor público da União Bernard dos Reis Alô acompanharam a fiscalização.

Dos 16 leitos de CTI, seis estão bloqueados e três ocupados por pacientes de tratamento prolongado. Na Unidade Coronariana, apenas três dos dez leitos disponíveis estão sendo usados; na pediatria, metade dos 16 estão indisponíveis; na Unidade Intensiva Neonatal, só dois dos oitos leitos funcionam.

“É um problema muito grave. O Huap é o único hospital a fazer atendimento terciário e quaternário na Região Metropolitana II, que abrange Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá, Rio Bonito, Silva Jardim e Tanguá. Essa falta de leitos impacta diretamente algo em torno de 2 milhões de habitantes, que terão que buscar assistência em municípios ainda mais distantes”, explicou Rafaella Leal.

Apesar de ser referenciada (não internar pacientes diretamente) e seguir o sistema de regulação, a emergência estava superlotada, com pessoas internadas no corredor. Na sala de hipodermia, com capacidade para dois leitos, havia cinco pacientes. O espaço não contava com régua de gases, o que pode prejudicar a assistência dos pacientes.
A sala semi-intensiva da emergência foi adaptada para funcionar como Unidade de Terapia Intensiva (UTI). No momento da fiscalização, havia pacientes graves internados, atendidos por médicos não especializados em medicina intensiva. Para agravar a situação, parte dos leitos é ocupada por pacientes oncológicos em estado terminal. A oncologia não dispõe de leitos próprios, e quem precisa de internação tem que ficar na emergência.

A Defis também verificou que o ambulatório não conta com material adequado nem desfibrilador. A unidade tem equipamentos de imagem de ótima qualidade – entre eles um angiógrafo, que permite a captura de imagens dos vasos sanguíneos – porém alguns aparelhos são subutilizados, como o tomógrafo, de acordo com funcionários. Nos ambulatórios, há problemas com os aparelhos de ar-condicionado, que não funcionam devidamente.
A direção da unidade confirmou que faltam anestesistas. São apenas quatro profissionais, depois que o hospital perdeu dez especialistas. Eram médicos-professores da universidade que deixaram de atuar na assistência, e não houve reposição. O Huap também tem déficit de médicos de outras especialidades, mas não foram especificadas as quantidades nem as áreas.

Hostilidade
A diretora Rafaella Leal e a equipe da Defis foram hostilizadas pelo diretor do Huap, Tarcísio Rivello, e pelo diretor médico, Roberto Carlos Barcello. Eles questionaram o motivo da fiscalização e o que seria feito com as informações coletadas. Os dois se negaram a repassar alguns dados.

“Estamos fiscalizando todos os hospitais federais, mas infelizmente não fomos bem recebidos no Huap. Talvez tenha havido uma interpretação equivocada. O CREMERJ é uma autarquia e seguimos o manual do Conselho Federal de Medicina (CFM), sendo nossa competência as ações fiscalizatória e judicante. Nosso objetivo é verificar as condições do hospital, buscando assegurar um atendimento de qualidade para a população e condições adequadas de trabalho para os médicos. Infelizmente, alguns equipamentos e materiais, por vezes negligenciados por alguns gestores, podem comprometer de forma crucial o ato médico, como o desfibrilador em uma parada cardiorrespiratória”, disse a diretora.