Sem orçamento, Hospital da Posse enfrenta péssimas condições
02/04/2018
Em fiscalização solicitada pelo Ministério Público, a Comissão de Fiscalização (Cofis) do CREMERJ encontrou uma série de irregularidades no Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI), conhecido como Hospital da Posse. Todas as enfermarias de internação apresentam ocupação superior à capacidade instalada. A emergência está superlotada, com pacientes acomodados em macas de transporte. A unidade sofre com a escassez de medicamentos e insumos e com a manutenção predial insuficiente. Outra dificuldade é a transferência de pacientes, devido aos problemas nos sistemas de regulação.
A existência de apenas uma ambulância para os serviços de transporte e remoção, por exemplo, foi outro grave problema constatado. Na ocasião da vistoria, havia cinco pacientes na fila para realizar exames externos, e todos precisaram esperar a condução de uma pessoa por vez, atrasando o diagnóstico e dificultando o atendimento.
O Hospital da Posse é a principal referência para atendimentos de urgência e emergência não apenas de Nova lguaçu, mas de toda a Baixada Fluminense. Em cidades vizinhas, hospitais municipais como o Leonel Brizola, em Mesquita; o Joca, em Belford Roxo; e o Juscelino Kubitschek, em Nilópolis, fecharam. Com isso, a unidade passou a atender praticamente sozinha uma região de 3,7 milhões de habitantes, o que gerou sobrecarga.
Embora seja municipal, o HGNI, na prática, atua como unidade regional, o que leva o município de Nova Iguaçu a não conseguir arcar com todos os custos para o porte da unidade.
“Mas as reformas estruturais mínimas, por exemplo, poderiam ser feitas pela Secretaria de Saúde local. Até mesmo a Secretaria Estadual de Saúde não tem feito a sua parte”, destaca o presidente do CREMERJ, Nelson Nahon.
A direção do hospital chegou a ir a Brasília para pedir reforço orçamentário ao Ministério da Saúde, o que foi recusado pela pasta.
“A negativa do ministro da Saúde é absurda. Os culpados pela precariedade do Hospital da Posse são os gestores das três esferas de governo, que negam recursos para a saúde, não financiam o hospital e não criam portas de saída para redistribuir a demanda”, afirma o coordenador da Cofis, Gil Simões.
Apesar das dificuldades estruturais e de insumos, medicamentos e materiais, a unidade está com as equipes completas, que têm investido em humanização. Houve a inauguração de um banco de sangue e de um espaço para acolhimento de familiares dos pacientes internados. A enfermaria de pediatria também é nova e conta com boas instalações.
“Vemos o esforço da direção e das equipes para prestar um bom atendimento à população, mas faltam coisas básicas para a adequada assistência, como é o caso da falta de ambulâncias. Os governos precisam resolver isso o mais rápido possível”, destaca Simões.