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CREMERJ faz fiscalização nas UPAs de Tijuca e Jacarepaguá

12/03/2018

O presidente do CREMERJ, Nelson Nahon, e o diretor Gil Simões fiscalizaram as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da Tijuca e de Jacarepaguá na última sexta-feira, 09. A vistoria foi motivada por um pedido do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (SinMed-RJ) e por denúncias enviadas ao Conselho. Os médicos das duas unidades entraram em greve no início de março, por conta das péssimas condições de trabalho e do desrespeito às leis trabalhistas.  As duas UPAs são geridas pela Organização Social (OS) Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus (HMTJ).

Na UPA da Tijuca, os profissionais relataram que não receberam o 13º salário de 2016 e 2017 e que, há dois anos, os pagamentos mensais não têm data certa para acontecer. Também contaram que a HMTJ tem pressionado os médicos a pedirem demissão e se tornarem pessoas jurídicas. Eles se mostraram contrários à ideia, já que muitos têm mais de cinco anos de vinculo trabalhista com a OS.

Os problemas também atingem o funcionamento da unidade. Na data da visita, a UPA estava sem serviço de laboratório. Os exames eram coletados e encaminhados, duas vezes ao dia, para outro local, o que dificultava o diagnóstico rápido. O aparelho de raios X opera de forma precária, e há apenas um monitor para dois pacientes na sala vermelha — mesmo assim, o equipamento funciona de forma irregular. Na semana passada, a unidade ficou um dia sem ambulância.

Além disso, os médicos dizem que a UPA não tem farmácia. Materiais e insumos são escassos. Há dois anos, não há medicação suficiente. A hidrocortisona foi limitada à pacientes pediátricos. Também há restrição de antibióticos e omeprazol. Os internados levam lençol de casa, pois a empresa que faz a lavagem suspendeu o atendimento. Devido a toda essa situação, em 19 de fevereiro foi realizada uma assembléia na qual ficou definida a paralisação de 50% do efetivo.

De acordo com o diretor médico da UPA da Tijuca, há dois anos o governo do Estado atrasa os repasses para a OS e não faz o pagamento do valor integral. Esses seriam os motivos dos problemas encontrados.

“Comprovamos a falta de respeito da Secretaria de Estado de Saúde (SES) e do governador, Luiz Fernando Pezão, com a assistência médica. Está muito claro que essa situação foi gerada pelo atraso nos repasses. A responsabilidade tem que ser cobrada dos governantes e de seus representantes. Infelizmente, até que isso aconteça, quem vai pagar o preço são os profissionais de saúde e a população, que fica desassistida”, declarou Gil Simões.

 

Jacarepaguá era referência em cardiologia

Na UPA de Jacarepaguá, a precariedade é semelhante. No dia da vistoria, a unidade também estava sem laboratório. Segundo os médicos, os exames de sangue são levados ao Hemorio, no Centro, o que posterga os diagnósticos. Também houve relatos de restrição de medicamentos.

Devido à falta de profissionais, muitos plantões têm sido ocupados por médicos contratados por Recibo de Pagamento Autônomo (RPA), que não gera vínculo com a UPA e o serviço. A unidade, que era referência em cardiologia e tinha seis clínicos de plantão, agora tem apenas três.

“É inaceitável que uma UPA de referência, que recebe um grande número de pacientes cardíacos, esteja nesta situação. Vamos cobrar da SES uma posição sobre as duas unidades”, disse Nelson Nahon.