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Maternidade do Hospital de Acari corre risco de fechar

14/12/2017

Devido ao atraso nos pagamentos e às condições inadequadas de trabalho, como falta de medicamentos e insumos, a equipe da UTI Neonatal do Ronaldo Gazolla está incompleta, o que tem inviabilizado a manutenção do serviço e sobrecarregado os profissionais. Diante do iminente risco de fechamento do setor,  a Comissão de Fiscalização (Cofis) do CREMERJ esteve na unidade nesta quinta-feira, 14, e confirmou o crítico cenário. O CREMERJ encaminhará um ofício para a Defensoria e o Ministério Público, bem como para a Secretaria Municipal de Saúde e para a Viva Rio - organização social que administra o hospital - solicitando providências urgentes.

Durante a vistoria do Conselho, os médicos informaram que o último salário recebido foi metade do referente a outubro, pago depois na segunda quinzena de novembro. De acordo com eles, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio teria garantido que regularizaria o restante daquele salário e o total de novembro até esta sexta-feira, 15.

Em razão dos problemas com a falta de insumos e o não pagamento dos salários e dos fornecedores, as enfermarias foram fechadas no dia 26 de outubro. De lá para cá, a unidade não admite nenhum paciente novo, e à medida que os que estão internados vão tendo alta, as vagas passam a ser bloqueadas na Regulação. Contudo, a maternidade, o alojamento conjunto, a UI e a UTI neonatal seguem admitindo pacientes, mas foi solicitado à SMS que redirecionasse os pacientes da rede Cegonha, o que equivaleria a 20% dos pacientes.

Com a perda de sete neonatologistas nos últimos dias, o chefe do setor requereu à direção do hospital a transferência dos recém-nascidos da UTI Neonatal. O médico protocolou o documento no CREMERJ nessa quarta-feira, 13, no qual descreve sua preocupação de "grave prejuízo da assistência aos recém-nascidos" caso as equipes não sejam recompostas.

No momento da visita da Cofis, havia três pacientes internados na UI e cinco na UTI neonatal, mas apenas uma médica plantonista, quando deveriam existir dois; e mais um para a rotina. Não havia médico para a sala de parto. A médica informou à comissão do CRM que precisou sair da UTI para atender sala de parto.

O hospital é referência para partos e tem capacidade para até 500 procedimentos por mês. Com a redução no atendimento, a assistência em obstetrícia no município pode ficar comprometida em 20%.

"O Ronaldo Gazolla é, infelizmente, mais uma prova do desprezo das autoridades pela vida humana. Um hospital que responde por uma quantidade significativa  dos procedimentos obtétricos no município do Rio, quando não há, na rede, outra unidade em condições de receber essa demanda, não pode ficar nessa situação. O CREMERJ está acionando a Defensoria e o Ministério Público e solicitou providências imediatas à OS Viva Rio e à Secretaria Municipal de Saúde do Rio. Não podemos permitir que a população e os médicos continuem pagando a conta da má administração da prefeitura, que prefere priorizar outras áreas não essenciais da cidade", frisa o presidente do Conselho, Nelson Nahon.

Dos 124 leitos de clínicas do Hospital de Acari, havia, no momento da fiscalização, apenas 12 pacientes. A unidade também conta com 20 leitos de cirurgia, mas as eletivas foram suspensas ainda em outubro.

Dos 15 leitos de psiquiatria, oito estão ocupados. Já no CTI, que conta com 18 leitos, há apenas seis pacientes internados.

Os fornecedores de medicação também estão sem receber. Se os valores não forem acertados até esta sexta-feira, a unidade também não terá como pagar as empresas de alimentação, o que afetará, ainda mais, os poucos pacientes que estão internados.

"Vemos no Hospital de Acari uma estrutura toda prejudicada, sem aproveitamento, não podendo atuar em sua capacidade máxima por falhas de gestão e compromisso. Isso é inadmissível", salienta o coordenador da Comissão de Saúde Pública do CREMERJ, Pablo Vazquez.

 

Médicos mantém greve 

Em assembleia realizada na quarta-feira, 13, o corpo clínico do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla decidiu pela manutenção da greve presencial, iniciada no dia 10. Eles resolveram, também, continuar com 50% da equipe em atendimento. Os médicos reivindicam o pagamento dos salários atrasados e melhores condições de trabalho.

Apesar das promessas de regularização da Secretaria Municipal de Saúde do Rio, os médicos decidiram aguardar o depósito das remunerações.

Uma nova assembleia será realizada na próxima segunda-feira, 18, para decidir o rumo do movimento.

O diretor do CREMERJ Gil Simões representou o Conselho na plenária.