Fundão pode fechar por falta de funcionários
14/09/2017
O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), conhecido como Hospital do Fundão, corre o risco de fechar por conta de um impasse no pagamento de cerca de 700 funcionários extraquadros que trabalham na unidade. A denúncia foi feita pelo diretor da unidade, Eduardo Côrtes, durante mais um Café com a Cocem com os conselheiros do CREMERJ Pablo Vazquez e Erika Reis, nessa terça-feira, 12.
Segundo Côrtes, a reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), responsável pelo pagamento do extraquadro, informou que não tem como pagar os funcionários (médicos, enfermeiros e fisioterapeutas) a partir de outubro, devido a problemas financeiros. Para tentar manter os profissionais, o hospital teria que utilizar cerca de R$ 1,2 milhão da verba de custeio para fazer o pagamento, o que impactaria na redução de leitos e na compra de medicamentos e insumos.
“Estamos vivendo uma situação muito complicada. A verba que recebemos do Sistema Único de Saúde (SUS) não pode ser usada para pagamento de funcionários. Este é um compromisso da UFRJ. Se a universidade não arcar com esta obrigação vamos perder um terço dos funcionários, o que vai gerar graves consequências. Afinal, são eles mantêm a unidade funcionando atualmente. Vamos tomar todas as medidas para que isso não aconteça”, disse o diretor.
Côrtes ainda destacou que o hospital convive com outros problemas, como falta de pessoal. Ele relatou que, de 2010 até agosto deste ano, 234 profissionais se aposentaram e até o momento não foram repostos. O diretor afirmou ainda que até o fim de 2017 deve liberar mais 400 leitos, porém sem funcionários de saúde e do setor administrativo para mantê-los. A unidade tem capacidade para internar 320 pacientes, mas apenas 260 leitos estão em operação. Vinte e dois leitos de CTI e 40 de enfermaria cirúrgica estão fechados, à espera de reforço de equipe.
Outro ponto discutido na reunião foi a o repasse de verbas. De acordo com o diretor, o HUCFF é uma das unidades que menos recebe verbas entre as unidades hospitalares da UFRJ e também em relação a outros hospitais universitários federais. Apesar disso, Eduardo Côrtes relatou que a unidade tem conseguido se manter e até economizar em muitos setores sem reduzir serviços.
“Considerando que o hospital é de alta complexidade e a unidade com maior número de leitos e circulação de alunos, esses valores estão aquém de nossas necessidades. Para ampliarmos o número de leitos é preciso que haja investimento na unidade. Esses recursos só serão possíveis se a comunidade acadêmica unir esforços para conquistar tal objetivo. Sem dúvida, uma estrutura de excelência para nossos alunos e pacientes é o desejo de toda a comunidade do HUCFF e, acreditamos, de toda a UFRJ”, acrescentou.
Pablo Vazquez alegou que é indiscutível a importância do hospital para toda a população e residentes, que dependem da instituição para seu aperfeiçoamento profissional. “Vejo que se a questão não se concretizar de forma adequada, o HUCFF terá graves déficits na área assistencial e na formação de residentes. Nós viemos para ajudar de forma consistente, colocando toda a estrutura do CRM à disposição do hospital”, finalizou.
Os problemas relatados por Côrtes também foram tema de uma reunião no dia 4 de setembro, no CREMERJ. Na ocasião, ele foi recebido pelo presidente do Conselho, Nelson Nahon, e por Pablo Vazquez.
Sobre a unidade: Referência no tratamento de doenças de alta complexidade, o HUCFF realiza, por mês, cerca de 20 mil atendimentos ambulatoriais, 450 cirurgias e 700 internações em 42 especialidades médicas. Entre os 23 programas de alta complexidade, a unidade faz transplante de córnea, de rim e de medula óssea.