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Rede federal: CRM entrega dossiê ao ministro da Saúde em ato

17/05/2017

Médicos e demais profissionais de saúde participaram de ato público nesta quarta-feira, 17, contra o desmonte dos hospitais federais, promovido pelo CREMERJ, em frente à Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), onde o ministro da Saúde, Ricardo Barros, tinha um compromisso para falar sobre o setor no Estado. Enquanto a manifestação ocorria na porta principal, o presidente da entidade, Nelson Nahon, entregou ao ministro um dossiê com vistorias recentes feitas pelo Conselho nos hospitais federais, comprovando de forma técnica os problemas da rede.

Entre as carências denunciadas pelo Cremerj, destacam-se a falta de médicos e demais profissionais de saúde e o desabastecimento de insumos e medicamentos nessas unidades. Após receber o dossiê, o ministro questionou o alto custo das unidades federais. Segundo ele, “a relação custo-benefício da rede federal no Rio de Janeiro é muito ruim”, o que demonstrou o desconhecimento da importância desses hospitais, que realizam procedimentos de alta complexidade. Além disso, Ricardo Barros responsabilizou os médicos pelo atendimento, em vez de assumir a falta de recursos para que os profissionais possam atender a população com qualidade.

“O ministro está tratando a saúde como negócio, mas é a vida de pacientes que está em jogo. Quando vistoriamos esses hospitais pensamos nas pessoas, não em dinheiro. Se as verbas são suficientes, é preciso melhorar em gestão. E a quem compete essa gestão? Ao Ministério da Saúde”, ressaltou Nelson Nahon.

Ainda durante o encontro, o presidente do CREMERJ cobrou, novamente, medidas sobre o encerramento de contratos temporários de médicos e demais profissionais de saúde. Só o Hospital Federal de Bonsucesso perdeu cerca de 30 profissionais da emergência neste mês. O ministro, por sua vez, afirmou que considera excessiva a quantidade de médicos nos hospitais da rede federal.

Infelizmente, a realidade é outra. Por conta da falta de médicos – cinco a menos nos últimos meses –, o setor de oncologia do Hospital de Bonsucesso não está recebendo novos pacientes. No Cardoso Fontes, com apenas dois médicos, já que quatro se aposentaram recentemente, o setor de clínica médica corre o risco de fechamento. O mesmo ocorre no Centro de Tratamento de Queimados, do Hospital Federal do Andaraí.

Ainda durante o encontro, o presidente do CREMERJ cobrou, novamente, medidas sobre o encerramento de contratos temporários de médicos e demais profissionais de saúde. Só o Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) perdeu cerca de 30 funcionários da emergência em maio. 

Além disso, por conta da falta de médicos – cinco a menos nos últimos meses –, o setor de oncologia do HFB não está recebendo novos pacientes. No Hospital Federal Cardoso Fontes, com apenas dois médicos, já que quatro se aposentaram recentemente, o serviço de clínica médica corre o risco de fechar as portas. O mesmo ocorre no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ), do Hospital Federal do Andaraí (HFB). 

Outra situação absurda acontece no Instituto Nacional de Cardiologia (INC), que recebeu ordens de reduzir as cirurgias em 30%. “Nossas fiscalizações, em parceria com a Defensoria Pública da União (DPU), mostram uma realidade e o ministro fala de outra. Em novembro de 2016 encontramos uma lista de quimioterápicos em falta nos hospitais. Voltamos seis meses depois e os mesmos medicamentos permanecem em falta. A situação piorou”, rebateu Nahon.  

De acordo com o dossiê entregue, o panorama que se desenha é complicado. Contratos temporários estão sendo encerrados, há ausência de proposta para realização de novos concursos, além de interrupção dos contratos para abastecimento de insumos e manutenção por falta de verba. Em contrapartida, o ministro reafirmou que os hospitais têm custo elevado e anunciou que organizará as unidades federais do Rio em perfis, o que deve ser divulgado no próximo semestre.

“Vemos planejamentos que, na verdade, não condizem com a urgência do momento. Estivemos na emergência improvisada do Hospital de Bonsucesso, aquela de lata, e nos deparamos com pacientes internados em poltronas, aguardando exames há semanas. Os profissionais que trabalham nesses hospitais fazem o possível para oferecer o melhor, mesmo sem as condições mínimas. O que estamos vendo é criminoso. É, de fato, o desmonte das unidades federais”, lamentou Nahon, que ainda lembrou a importância desses hospitais – que ao todo são nove – que são referência no atendimento de alta complexidade e na formação médica.

Participaram do ato público membros do CREMERJ, da Associação Médica do Estado do Rio de Janeiro (Somerj), do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (Sinmed-RJ), do Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde e Previdência (Sindisprev), da Associação dos Estudantes de Medicina do Brasil (Aemed-BR), da Associação dos Estudantes de Medicina do Rio de Janeiro (Aemed-RJ), das sociedades de especialidade e de representantes dos hospitais federais e de várias categorias profissionais ligadas à saúde.