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HFB: emergência continua superlotada

12/12/2016

A Comissão de Saúde Pública recebeu nessa quinta-feira, 8, o diretor-geral do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), Walter Cavalieri, e o chefe da emergência da unidade, Júlio Noronha. A reunião foi convocada a partir de um documento do corpo clínico encaminhado à comissão, que descreveu dificuldades relativas à superlotação da emergência. 

Na carta, os médicos relatam que o setor está sempre superlotado, faltam leitos para pacientes graves, é grande o número de pacientes oncológicos terminais internados e os leitos de observação ficam muito tempo ocupados. Além disso, 24 leitos foram desativados temporariamente por falta de recursos humanos. 

Os médicos ainda informaram que a maioria dos atendimentos é de pacientes clínicos, numa contradição com o perfil da emergência, que tem predominância cirúrgica e de alta complexidade. Eles ainda interrogam como ficará a assistência quando a nova emergência ficar pronta. A unidade terá a capacidade duplicada e, provavelmente, receberá mais pacientes, continuando com os mesmos problemas. A previsão é de que as obras sejam concluídas entre fevereiro e março de 2017. 

“Na realidade atual não há como absorver o volume de internações geradas pela emergência. Entendemos que uma emergência aberta sem direcionamento dos pacientes não é compatível com hospital desta vocação, com predominância cirúrgica e de alta complexidade. Ocorre uma disputa inevitável por leitos: de um lado um ambulatório potente e de outro uma emergência com grande porta de entrada e exígua porta de saída em que a grande maioria dos pacientes desemboca em leitos do próprio HFB”, diz trecho da carta.   

O diretor do hospital confirmou as dificuldades encontradas para atender a demanda da emergência. Ele relatou que o principal problema é não ter para onde encaminhar parte desses doentes. 

“Nossas estatísticas apontam que 90% a 92% das internações geradas na emergência ficam no HFB. O restante é distribuído nos os outros hospitais da rede federal (6%), no Estado (1%) e no município do Rio (1%). A capacidade da nossa emergência é de 30 leitos, mas temos uma média de 60 pacientes internados diariamente. É uma situação complicada de administrar, pois não podemos negar o atendimento”, disse Cavalieri.

Ele ainda acrescentou que parte dos leitos é ocupada por pacientes com necessidade de longa permanência, como os que estão com câncer avançado. Segundo levantamento feito na unidade, de 2015 a 2016, o número de internações oncológicas aumentou 70%.  

O vice-presidente do CREMERJ, Nelson Nahon, informou da reunião em que será apresentado o trabalho que o Conselho desenvolveu sobre a assistência oncológica no Rio, com a participação dos diretores das unidades, da Defensoria Pública Estadual e Federal e da Promotoria Estadual e Federal. O levantamento foi coordenado pelo conselheiro Gil Simões. 

“Fizemos um mapeamento sobre a situação da assistência oncológica no Rio, que tem se mostrado ineficiente. Vamos fazer uma discussão para saber como podemos melhorar e ampliar o atendimento”, adiantou Simões. 

Também participaram da reunião os conselheiros Serafim Borges, Luís Fernando Moraes e Aloísio Tibiriçá.