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CREMERJ debate assistência médica durante Olimpíada

24/05/2016

O CREMERJ realizou nessa quinta-feira, 19, a plenária temática “Jogos Olímpicos Rio 2016: Assistência Médica”, para debater os preparativos do evento para a área da Saúde. A plenária reuniu representantes das câmaras técnicas do Conselho, gestores estaduais e municipais, além de representantes do Comitê Rio 2016.
 
Conforme planejamento do comitê e de gestores de saúde existe uma ampla estrutura para atender atletas, delegações, técnicos, equipes de apoio e espectadores. A assistência médica funcionará com um grupo voluntário de mais de três mil especialistas, entre médicos e outros profissionais de saúde, supervisionado pelo staff médico do próprio Rio 2016. Haverá postos médicos para primeiros socorros nas quatro zonas olímpicas, localizadas em Copacabana, Deodoro, Maracanã e Barra da Tijuca. Atletas e delegações serão atendidos em convênio privado na policlínica olímpica, na Barra, com referência para os hospitais da Unimed e das Américas, localizados no mesmo bairro. 

“As apresentações nos dão a sensação de que está tudo muito bem preparado, no entanto, o que preocupa o CREMERJ é a assistência médica para os cariocas e turistas brasileiros e estrangeiros que estarão no Rio de Janeiro neste período. Os hospitais referenciados para a população enfrentam problemas graves de insumos, falta de recursos humanos e especialistas, além de superlotação. Queremos entender como essas unidades estarão preparadas até o dia dos Jogos”, questionou o presidente do Conselho, Pablo Vazquez, lembrando que a expectativa é de que mais de 2 milhões de pessoas venham para a cidade no período olímpico. 
 
Deficiências 
 
Após as apresentações, representantes do CREMERJ, convidados e membros do Ministério Público e da Defensoria do Estado do Rio de Janeiro fizeram questionamentos aos representantes do comitê e aos gestores. O diretor do Conselho Renato Graça, por exemplo, indagou a preparação do Hospital Municipal Lourenço Jorge (HMLJ), na Barra, principal local das competições, para ser uma unidade de referência. Ele lembrou que na fiscalização do CRM, em abril, havia pacientes internados no corredor, ausência de leitos e de bolsas de sangue, déficit de profissionais e baixos estoques de medicamentos e insumos. Foi constatado também que a unidade não possuía serviço de neurocirurgia. 

“Durante a vistoria, foi verificado que a emergência, com capacidade para 46 leitos, estava com 70 pacientes internados, muitos deles em macas no corredor. Também foi verificada que a Unidade Intermediária, com oito leitos, estava fechada por falta de pessoal. Destacou-se também a necessidade da ampliação no número de leitos do Centro de Tratamento Intensivo (CTI)”, apontou. 

O subsecretário de Atenção Hospitalar, Urgência e Emergência da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Mário Celso da Gama Lima Jr., admitiu os problemas e disse que foi liberado recursos para que a unidade reforce o estoque de insumos no período da Olimpíada. Além disso, a SMS-RJ informou que estariam disponíveis para o evento 231 leitos. Gama também adiantou que um neurocirurgião estará disponível para fazer a triagem dos pacientes no Lourenço Jorge. 

O legado dos equipamentos médicos, a contratação de profissionais e o financiamento da Policlínica da Vila Olímpica foram questionados pela coordenadora da Saúde e Tutela Coletiva da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, Thaísa Guerreiro. Ela lembrou que toda a rede sofre com a carência de aparelhos importantes e que o ideal é que eles sejam doados para as unidades mais necessitadas. Segundo os gestores municipais e estaduais, ao final dos Jogos, os medicamentos e equipamentos não utilizados serão repassados para a rede hospitalar pública. 

Durante as apresentações, os gestores informaram que haverá transporte de pacientes por helicópteros apenas em casos de contingência. Segundo a superintendente de Unidades Próprias da SES-RJ, Hellen Miyamoto, todo o transporte será realizado por 146 ambulâncias por meio de uma rota pré-determinada. No entanto, o CREMERJ questionou a não utilização de aeronaves, principalmente em relação à distância entre as unidades de saúde em caso de uma transferência emergencial.

O mesmo receio foi levantado sobre o Centro de Tratamento de Queimados, que fica no Hospital Federal do Andaraí, e será um dos responsáveis por receber parte da demanda desse tipo de acidente. Como ele fica distante dos quatro centros de atividade, a preocupação é que o tempo de transferência prejudique o atendimento.  

“É preciso que tudo seja planejado com muita seriedade. Nossos hospitais têm problemas sérios, não têm vagas. Se você for hoje ao Hospital Souza Aguiar ou Salgado Filho vai encontrá-los lotados. Temos a certeza de que os atletas serão muito bem atendidos, pois também trazem as suas equipes médicas e contarão com uma excelente estrutura na policlínica. Agora, a população, essa, sim, pode passar por dificuldades, que já são bem antigas e conhecidas”, declarou o diretor do CREMERJ Serafim Borges.  
 
A necessidade de um responsável técnico pela operação do planejamento de Saúde também foi ressaltada pelo membro da Câmara Técnica de Segurança do Paciente do CREMERJ, Alfredo Guarischi. Ele reforçou que resoluções do conselho regional e do federal exigem a nomeação de um diretor técnico para qualquer instituição. Os gestores não informaram o nome do responsável e explicaram que um colegiado responderá quando necessário. 

Ao final do evento, as autoridades sugeriram novos encontros para tratar de temas específicos e debaterem as dúvidas. 

Também estiveram presente o vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, Emmanuel Fortes, o gerente-geral de Serviços Médicos do Comitê Organizador Rio 2016, Marcelo Patrício; a responsável técnica pela Comissão Rio 2016 Off Hours, Thaís Reif de Paula; a subcomandante operacional do 1º Grupamento de Socorro de Emergência/CBMERJ, coronel Rosemary Provenzano Thami; e a  representante do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, a promotora Denise Vidal.