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CREMERJ debate cursos de especialização do município do RJ

27/07/2015

Conselheiros do CREMERJ reuniram representantes dos hospitais municipais, das sociedades de especialidade e das universidades públicas, nessa sexta-feira, 24, na sede da entidade, para discutir a realização dos cursos de especialização de iniciativa da prefeitura. Na ocasião, foram questionados alguns pontos, entre eles: a aplicação do curso, se de alguma forma ele burla a realização de concurso público e se há preceptoria para supervisionar o trabalho dos alunos.

Para o presidente do CREMERJ, Pablo Vazquez, também é preocupante a forma como o processo seletivo vem sendo feito. Por não estar claro e ter gerado dúvidas, alguns médicos denunciaram esse formato ao Conselho. Vazquez ainda lembrou que teve uma reunião com o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, e, entre os esclarecimentos, ele garantiu que os cursos não foram criados para substituir a residência médica.

“Há algumas nebulosidades nesse projeto e é isso que nos preocupa. Não há transparência na seleção dos alunos e dos preceptores. Essa especialização de certa forma é uma burla na hora em que se têm pessoas trabalhando com o rótulo de estudantes, com uma preceptoria que em alguns casos não se vê. Tivemos depoimentos de locais em que os cursos têm funcionado bem e de outros que dizem estar precarizados”, afirmou.

Segundo ele, o CREMERJ apoia a atualização do conhecimento médico. “Se o objetivo for este, é uma coisa. O problema é que no dia a dia não é isso que tem sido mostrado”, acrescentou.

Representantes da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) disseram que, em relação à parte acadêmica, o programa funciona adequadamente em sua instituição. Os cursos, aprovados pelo conselho diretor da universidade, foram divididos em módulos, passíveis de reprovação, inclusive por ausência, e cujo foco não é especializar, mas adaptar o médico que já é especialista para atuar no serviço público.

O diretor do CREMERJ Gil Simões usou como exemplo o Hospital Municipal Jesus, fiscalizado recentemente, onde os cursos de especialização da prefeitura vêm sendo aplicados. Segundo colegas do hospital, mais de 20 profissionais, que estavam pelo programa, deixaram a unidade em função da complexidade do trabalho. “O número de leitos foi aumentado nesse hospital, porque tinham esses novos profissionais que deixaram a unidade. A quantidade de leitos permanece e os estatutários estão se desdobrando para dar assistência aos pacientes. Isso reforça o quanto é importante que projetos como este sejam bem elaborados, organizados e sem golpes, pois a população merece ser respeitada”, frisou.

O presidente do CREMERJ afirmou que entrará em contato com a Secretaria Municipal de Saúde para pedir explicações. “Temos o estatutário que ganha R$ 3 mil, o aluno que ganha R$ 6 mil e o preceptor que ganha R$ 8 mil. Sendo que é o estatutário que passa a experiência, que carrega a história da instituição. Não há um equilíbrio. Defendemos a realização de concurso público com salários dignos e um plano de carreira para os colegas”, disse.

Ainda segundo Pablo Vazquez, o CREMERJ pedirá a lista com o nome de todos os alunos e preceptores. A relação também deverá informar se os egressos têm título de especialista ou não.

Os conselheiros Marcos Botelho, Erika Reis, Aloísio Tibiriçá, Carlos Enaldo de Araújo, Serafim Borges, Renato Graça, Nelson Nahon, Sidnei Ferreira, Ricardo Bastos e Márcia Rosa de Araujo também participaram da reunião.