No Rio, cerca de 500 pessoas protestam contra a MP 621/2013
17/07/2013
Médicos de todo o Brasil protestaram contra a Medida Provisória 621/2013, que cria o “Programa Mais Médicos para o Brasil”, nesta terça-feira, 16, no Dia Nacional de Protesto contra a MP 621/2013, instituído pela categoria. No Rio de Janeiro, cerca de 500 pessoas, entre médicos, estudantes de medicina e membros da sociedade civil, se reuniram na Cinelândia, em frente à Câmara Municipal dos Vereadores, para protestar contra a importação de médicos sem a revalidação do diploma e a ampliação de mais dois anos para o curso de medicina a partir de 2015.
Durante a manifestação, os participantes denunciaram as medidas anunciadas recentemente pelo governo federal, mostrando de que forma elas prejudicarão ainda mais a saúde pública. Com faixas e cartazes, os manifestantes também declararam gritos de ordem, expondo a sua indignação pelo descaso que a saúde e a medicina vêm sofrendo nos últimos anos, e reivindicaram melhores condições de trabalho, carreira de Estado – assim como os juízes têm –, realização de concurso público e salários dignos.
Para a presidente do CREMERJ, Márcia Rosa de Araujo, a mobilização foi vitoriosa e é só o início de uma série de ações que os médicos promoverão contra a MP 621.
“Essa medida não visa resolver, mas tapar buracos. Não houve o interesse do governo em consultar as entidades médicas. Nós estamos dentro dos hospitais e sabemos quais são as verdadeiras mazelas do setor público e o que dificulta o trabalho médico. Esse absurdo serviu para unir ainda mais a nossa categoria e não vamos deixar de lutar. A posição do CREMERJ é de não registrar médico estrangeiro sem a revalidação, nem conceder CRM provisório para alunos, como essa medida prevê”, declarou.
Além disso, o ato público denunciou a situação crítica que os estudantes de medicina da Universidade Gama Filho estão vivenciando, porque o acordo entre a mantenedora da instituição, Galileo Educacional, e alunos e professores não foi cumprido. Por essa razão, cerca de 70 acadêmicos estão acampados na Gama Filho e garantiram permanecer até conseguir uma resolução.
A residência médica também relatou a preocupação com o concurso do próximo ano, pois até o momento o Ministério da Saúde não se posicionou oficialmente sobre o assunto.
“O que vemos é um descaso completo com os nossos estudantes e residentes. Como o governo diz que vai ampliar o número de vagas dos cursos de medicina, se não consegue gerir os que estão abertos? O Ministério da Educação não interfere, pois diz que o problema deve ser resolvido no Procon, mas nós não os deixaremos desamparados e já entramos nessa luta”, garantiu Márcia Rosa.
Os manifestantes criticaram ainda os vetos feitos pela presidente Dilma Rousseff à Lei do Ato Médico, a privatização da saúde, por meio da empresa pública de direito privado, Saúde Brasil – braço da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) –, o sucateamento das unidades e o fechamento de hospitais e serviços.
Sobre a MP 621, o vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Aloísio Tibiriçá, informou que será realizada, em Brasília, no próximo mês, uma audiência pública para discutir a medida e que a categoria estará presente a fim de derrubar a MP.
Participaram também da manifestação conselheiros do CREMERJ; o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (Sinmed-RJ), Jorge Darze; o presidente da Associação dos Médicos Residentes do Estado do Rio de Janeiro (Amererj), Diego Puccini; representantes da Gama Filho e de outras universidades; membros de outras entidades médicas, sociais e de saúde; além de assessores de parlamentares.