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Estado garante: telemedicina não substituirá pediatras

27/09/2012

Diretores do CREMERJ estiveram reunidos na quarta-feira, 26, com representantes da Secretaria Estadual de Saúde  (SES-RJ) para esclarecer dúvidas quanto ao projeto de uso da telemedicina no atendimento a crianças e adolescentes nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). O Estado acaba de firmar um convênio com o Instituto de Pediatria e Puericultura Martagão Gesteira (IPPMG), da UFRJ, para que os médicos do instituto dêem um suporte, à distância, aos colegas das UPAs. De acordo com representantes da SES que participaram do encontro, os pediatras não devem temer a telemedicina, pois ela será apenas um sistema auxiliar durante o atendimento e ainda está em caráter experimental.

Pediatra, o conselheiro Sidnei Ferreira deixou clara a preocupação do CREMERJ com uma possível substituição dos pediatras por outros especialistas. \"O atendimento a crianças e adolescentes deve ser feito por  pediatra. Contudo, a justificativa do Estado é de que não há pediatras. O que não há é concurso público com salários dignos e plano de cargo, carreira e vencimentos\", salientou.

Em geral, as UPAs contam com quatro clínicos e dois pediatras. O receio é de que, no caso de os dois pediatras estarem atendendo, os clínicos possam realizar o atendimento, com auxílio da telemedicina, e isso se tornar uma prática rotineira, ao invés de serem contratados mais pediatras. \"A telemedicina pode ser uma boa ferramenta. Mas ela deve ser pensada como um instrumento complementar, e não como substituta de pediatras\", reforçou Sidnei Ferreira.

O conselheiro também ressaltou questões ligadas à ética médica, já que o pediatra do IPPMG que der o auxílio via telemedicina também será responsável  pelo atendimento dos pacientes.

Diretor do IPPMG, Edmilson Migowski ressaltou que é possível um clínico ou um socorrista atender crianças e adolescentes. \"O projeto é claro: o atendimento a crianças e adolescentes será feito pelos pediatras. Contudo, na eventualidade de chegar alguma criança ou adolescente em estado mais delicado e os pediatras não estarem disponíveis, pode acontecer, sim, de um colega não pediatra prestar o atendimento. Mas são casos excepcionais\", afirmou.

A subsecretária de Unidade Próprias da SES-RJ, Ana Eiras, garantiu que não haverá substituição de pediatras.\"Este é um projeto piloto, que agora será implantado apenas nas UPAs de Marechal Hermes e de Ricardo de Albuquerque. Verificamos que há uma necessidade de qualificação dos pediatras que atuam nesse tipo de unidade, por isso firmamos esse convênio com o IPPMG, onde temos certeza do nível de conhecimento e da grande experiência dos médicos, que poderão auxiliar, através da telemedicina, em determinados casos naquelas unidades. Mas é de pediatra para pediatra\", assegurou.

Segunda vice-presidente do CREMERJ, Erika Reis questionou as exigências curriculares feitas para a contratação dos profissionais que atuam nas UPAs. \"Se a falta de qualificação é a razão de se usar a telemedicina na pediatria é porque os colegas ainda não estão totalmente preparados para o atendimento. É importante que os gestores atentem para isso. Essa é mais uma prova da importância da residência médica, e é preciso que os governantes façam algo a respeito, como repensar a quantidade de vagas e a valorização da preceptoria\", frisou.

Ana Eiras explicou que o projeto objetiva justamente o apoio para a qualificação dos atendimentos. \"Nesse momento, identificamos esse problema, que é a necessidade de um suporte aos colegas, e acreditamos nessa solução. Mas vamos levantar todos os dados durante a realização desse piloto, para avaliar se ele está dando certo. \"

A subsecretária se comprometeu a apresentar todos os dados ao CREMERJ e fazer uma reavaliação conjunta.

Também participaram da reunião o presidente da Sociedade de Pediatria do Rio de Janeiro (Soperj), Edson Liberal; a coordenadora geral de UPAs, Ana Maia; o coordenador de bioética e o assessor jurídico do projeto da SES-RJ, Marcelo Godoy e Antonio Carlos Pinto, respectivamente.