CREMERJ promove seminário sobre dengue
03/02/2012
Diante das projeções de ocorrências de casos de dengue no Estado do Rio de Janeiro, o CREMERJ promoveu na quinta-feira, 2, um seminário sobre a doença. Para o evento, presidido pelos infectologistas Marília de Abreu e Celso Ramos, respectivamente conselheira responsável e coordenador da Câmara Técnica de Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP) do Conselho, foram convidados médicos e acadêmicos da medicina, totalizando 200 pessoas inscritas.
Marília de Abreu ressaltou a importância do diagnóstico precoce e de se discutir a melhor maneira de atuar na prevenção e no tratamento da doença.
O Superintendente de Vigilância Ambiental e Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil (Sesdec), Alexandre Chieppe, apresentou uma análise preliminar dos óbitos por dengue no Estado em 2011. \"De 2010 para 2011, o número de óbitos por dengue passou de 47 para 141 e os casos graves, de 3.010 para 3.834. A taxa de letalidade, que, em 2010, foi de 1,6% e em 2011, de 3,7%, está, assim, muito acima da aceita pela OMS (até 1%) e pela Meta no Pacto pela Saúde (até 2%). É preciso estar atento, pois sem o tratamento adequado, as taxas de letalidade das formas graves da doença podem superar 20%\", informou.
Segundo ele, há necessidade de que os registros dos prontuários médicos sejam mais detalhados: \"Em muitos prontuários, não constam informações básicas, como o peso do paciente, por exemplo. O doente precisa ser acompanhado dia a dia\".
Chieppe ressaltou ainda que a dengue é uma doença muito dinâmica e que o quadro clínico do doente pode mudar de uma hora para a outra. \"Acontece de as pessoas pensarem que não estão mais doentes porque a febre passou, mas é justamente nesse momento que o quadro se agrava\", alertou.
O especialista Alberto Chebabo, também membro da Câmara Técnica de DIP do CREMERJ, frisou a importância de reconhecer os sinais de alarme, que são as manifestações clínicas, já amplamente divulgadas. \"Esses sinais surgem entre o terceiro e o sétimo dia. Porém, nos casos mais graves, não é só a dor abdominal e o sangramento que vão identificar que o paciente está com dengue. Hipotensão arterial, pulso rápido e fino, pressão arterial convergente, enchimento capilar lento (menos de dois segundos) devem ser observados. A realização do hemograma deve ficar a critério do médico que está tratando o paciente\", explicou.
Celso Ramos afirmou que o Estado do Rio de Janeiro está tratando a dengue de uma maneira séria. \"O melhor que se pode fazer é preparar o atendimento para reduzir a morbidade e baixar a letalidade. A dengue é uma doença urbana. Há que se fiscalizar ferros-velhos, dar fim aos pneus sem uso espalhados pela cidade, cuidar da distribuição de água, entre outras providências\", frisou Celso Ramos.
Também participaram do seminário a infectologista Dominique Thielmann, que falou sobre o diagnóstico laboratorial da dengue, e a bioquímica médica pela UFRJ, também da Fiocruz, Elena Campos, que falou sobre a vacina para a doença.