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Clipping - Redução de médicos aumenta espera por exames em Caxias

Extra /

23/07/2020


Gerido pela prefeitura há uma semana, Hospital de Saracuruna mantém atendimento precário

Com o braço imobilizado há três meses, o ajudante de manutenção Geovanni Silva dos Santos, de 37 anos, procurou ontem o Hospital estadual Adão Pereira Nunes (Hospital de Saracuruna), em Duque de Caxias, para fazer um procedimento agendado em abril. Mas ele terá que esperar mais dois meses. Não havia profissionais para atendê-lo. Geovanni é só um dos pacientes que reclamam de problemas no atendimento desde que a unidade passou a ser administrada pela Prefeitura de Caxias, há uma semana.

Os profissionais do hospital também se queixam e ontem ameaçaram fazer greve. No meio de uma série de denúncias deles, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) resolveu dar entrada numa ação judicial para exigir o pagamento dos salários em atraso

— Fraturei o punho em 10 de abril. Fiz cirurgia, fiquei internado e me agendaram para tirar hoje (ontem) o fio de Kirschner (que une as partes fraturadas). Quando cheguei, disseram que não estão fazendo esse atendimento. Marcaram para 23 de setembro. O que vou falar no trabalho? — questionou Geovanni.

Desde 16 de julho — quando a prefeitura assumiu a administração da unidade por meio de um termo de cooperação técnica com o governo do estado — profissionais trabalham sem saber quando vão receber e se vão continuar empregados. Segundo trabalhadores do hospital, ontem havia apenas um médico na emergência e faltavam médicos em outros setores.

— Quem atende na emergência é o chefe da equipe. Os CTIs 1 e 4 não têm médico. Está todo mundo com medo e acuado — lamentou uma enfermeira, que não se identificou, já que na terça-feira, em entrevista à TV Globo, o prefeito Washington Reis ameaçou demitir quem fizesse denúncias contando “mentiras”.

Quando a prefeitura assumiu, os funcionários, contratados pela OS labas, já estavam com o salário de junho atrasado. Eles ainda reclamam que o labas não deu baixa na carteira de trabalho. Funcionários disseram que colegas do Recursos Humanos do hospital foram comunicados que seriam substituídos. O mesmo ocorreu com coordenadores da Fisioterapia, Serviço Social e Enfermagem.

Cremerj vai à Justiça para cobrar salários
O Cremerj impetrou a ação cobrando salários atrasados por intermédio do Ministério Público do Trabalho (MPT). O conselho pediu ainda que os valores sejam pagos diretamente pelo governo estadual e não por intermédio de OSs ou da prefeitura. 0 presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, Alexandre Telles, disse ontem que os profissionais já pensam em cruzar os braços:

— Eles estão em estado de greve. Nesta quinta-feira vamos fazer reunião para discutir os rumos do movimento.

Uma médica disse que muitos colegas não estão indo trabalhar porque não sabem como vai ficar a contratação diante da nova gestão.

— Como trabalhar sem saber para quem? Como trabalhar sem salário, sem ter sido demitido ou contratado? — questionou a profissional.

Secretaria nega falta de profissionais na unidade
A Prefeitura de Duque de Caxias informou que a Secretaria estadual de Saúde é quem responde pelas pendências salariais com funcionários do Hospital de Saracuruna e por todas as questões anteriores à data de assinatura do termo de cooperação técnica. A Secretaria municipal de Saúde e Defesa Civil negou a falta de médicos nos CTIs, assim como em outros setores. Ressaltou ainda que o chefe da equipe de emergência é um profissional médico apto a prestar o atendimento no setor.

A prefeitura criou uma empresa pública que ficará responsável pela contratação desses profissionais, “com todas as garantias trabalhistas previstas em lei”.

Sobre o paciente Geovanni dos Santos, a direção do Saracuruna explicou que o médico que o acompanha estava numa emergência no centro cirúrgico e que a consulta foi remarcada para 23 de setembro sob orientação do setor pós-cirúrgico e devido a disponibilidade da agenda médica e da avaliação der seu quadro clínico.

O labas informou que enviou ontem aos profissionais uma nota de esclarecimento sobre a transferência da gestão do hospital para a Prefeitura de Caxias “e reitera seu compromisso de realizar os pagamentos tão logo sejam realizados os devidos repasses”.