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Clipping - Casos de sífilis congênita em Niterói dobram em dez anos

O Globo Online /

05/08/2019


Enquanto a média nacional é de 8,2 registros a cada mil nascimentos, cidade registra 14,9

Os dados mais recentes do Ministério da Saúde (MS) mostram que a incidência de sífilis congênita dobrou entre 2008 e 2017 em Niterói. Há dez anos, foram detectados 7,5 casos a cada mil nascimentos na cidade, enquanto em 2017 esse índice subiu para 15. Os números também surpreendem quando comparados à média nacional, cuja taxa foi de 8,2 em 2017. A alta incidência da doença no município resultou numa representação ao Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ) e numa audiência para tratar do assunto a ser realizada no dia 13, na Câmara Municipal.

Para o autor da denúncia, Mauro Romero Leal, professor titular do setor de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense ( UFF ), 'a situação é de total descaso para uma grave doença que deveria estar erradicada desde o início do século XX e se encontra fora do controle, mesmo sendo de fácil tratamento, em uma cidade que apresenta um dos melhores índices de qualidade de vida'.

- A sífilis congênita é uma doença que já poderia ter sido erradicada se todas as mães fizessem ou tivessem acesso a um pré-natal bem feito, uma vez que é diagnosticada facilmente por meio de exames. Seu tratamento com a penicilina, conhecido há séculos, é rápido, simples, eficiente e barato. Não há cabimento que os índices cresçam, quando o movimento deveria ser exatamente o contrário - afirma o especialista que, no ofício ao MPRJ, pede que sejam verificadas as responsabilidades das secretarias de saúde estadual e municipal.

Aumento de custos

Além da Maternidade Municipal Alzira Reis, a cidade conta com o Hospital Estadual Azevedo Lima, no Fonseca, referência em partos de alta complexidade no Leste Fluminense. Cerca de 42% dos partos lá realizados são de gestantes moradoras de Niterói, diz o médico Carlos Malvone, que atua há quase 30 anos na coordenação da maternidade da unidade estadual. De acordo com ele, como a sífilis não é diagnosticada e tratada no pré-natal (realizado nas unidades de saúde municipais), em vez das 48 horas habituais, o bebê precisa ficar dez dias no hospital, para ser submetido a exames de imagem e a antibióticos específicos e mais caros:

- Os registros cresceram em todo o país porque a atenção básica precisa melhorar. Mas também acredito que o sistema de notificações da doença tem se aperfeiçoado, o que, consequentemente, nos dá dados mais fiéis à realidade, principalmente nas regiões, estados e municípios mais desenvolvidos. Isto, portanto, pode ter ajudado a elevar esses números.

Para o vereador Renatinho, do PSOL, que promoverá a audiência pública com o presidente da Comissão de Saúde do Legislativo, Paulo Eduardo Gomes, do mesmo partido, as taxas apontam um quadro gravíssimo e injustificável:

- Precisamos promover o debate público para identificar as causas do problema e as medidas possíveis para a sua superação. A prefeitura precisa assumir a sua responsabilidade.