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Clipping - Sem atendimento, gestante tem bebê no chão do Hospital Pedro II

O Globo /

11/12/2018


Mulher esperou mais de uma hora na recepção. Após o parto, ela massageou bebê, que não chorava, e só então apareceu uma enfermeira

A cena ganhou ontem as redes sociais e comoveu e indignou quem a assistiu: sentada no chão da recepção do Hospital Pedro II, onde deu à luz sem qualquer assistência, Paula José da Silva tentava massagear a filha, que nasceu roxa e sem chorar. Orientada por outros pacientes, que acompanhavam seu drama, Paula dava tapas nas costas da recém-nascida. Depois de um tempo, a bebê chorou, bem fraquinho. E só então apareceu uma enfermeira, que retirou a pequena Dalila do colo da mãe e a levou para dentro da unidade.
Quarto filho de Paula, Dalila não esperou os nove meses de gestação. Veio ao mundo com oito meses. Mas não contava que sua pressa em nascer iria esbarrar com a pouca pressa dos profissionais do Pedro II. Embora sua mãe tenha chegado ao hospital, já com fortes contrações, no início da madrugada de ontem, ela não foi atendida. Mandaram Paula esperar. Ela aguardou por uma hora sem que nenhum médico ou enfermeiro aparecesse.
A recepcionista da unidade bem que tentou. Chamou a equipe de plantão, mas não conseguiu localizar ninguém. Desesperado, o marido de Paula foi até a sala onde os médicos deveriam estar, mas o local estava vazio. Quando viu que não tinha mais jeito e que iria ter o bebê, o instinto materno de Paula falou mais alto. Ela deitou no chão, com medo que a bebê caísse, caso ela estivesse em pé, e se machucasse.
—Quando vi, a cabeça do bebê já estava coroando. Eu disse que estava nascendo e a recepcionista pediu que eu aguardasse. Então me deitei no chão para evitar que o bebê caísse. Assim que me deitei, ela nasceu — contou Paula, que passa bem e está internada na enfermaria de obstetrícia.
Ontem, já mais calma, Paula, que tem 30 anos e é moradora de Santa Cruz, relembrou os momentos de aflição.
— Fiquei fazendo massagem até que ela chorou. Foi quando apareceu uma enfermeira. Depois apareceram três médicos. Mas eu já havia feito tudo sozinha — diz Paula.
A bebê está na incubadora, no CTI neonatal, para ganhar peso. Ela também passa bem.
Segundo funcionários do Pedro II, administrado pela Organização Social SPDM, o plantão de domingo estava com menos profissionais do que o necessário. Na entrada da emergência, só havia uma recepcionista, um maqueiro e um segurança. A técnica de enfermagem responsável pela triagem havia sido remanejada para outro setor, para cobrir a falta de funcionários.
Em nota, a direção do Hospital Pedro II informou que a “gestante chegou ao hospital no período expulsivo do trabalho de parto, sem que houvesse tempo para que fosse levada ao centro obstétrico”. A direção do hospital afirmou ainda que, “na hora em que a mãe estava aguardando atendimento, quatro médicos obstetras estavam na unidade atendendo outras gestantes”.