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Clipping - Suicídio de criança que disse ser gay alerta para ‘bullying’

O Globo / Sociedade

29/08/2018


Menino de 9 anos morreu dias depois de revelar orientação aos colegas

O debate sobre bullying e suicídio volta à tona após a morte do americano Jamel Myles, de 9 anos. Segundo sua mãe, Leia Pierce, o menino tirou a própria vida na última quinta-feira, poucos dias após contar a seus colegas de classe que era gay.

Ao “Denver Post” ela contou que atribui a atitude do filho aos comentários cruéis de outras crianças de sua escola, em Denver, nos EUA. Leia Pierce relatou que, durante as férias de verão, o menino disse a ela pela primeira vez que era homossexual.

—Ele parecia tão assustado quando me contou. Ele disse: “Mamãe, eu sou gay”. Eu pensei que ele estava brincando, então olhei para trás, porque estava dirigindo, e ele estava tão assustado. E eu disse: “E eu continuo amando você” — contou Leia, acrescentando que o filho queria muito contar para seus colegas da escola. —Ele foi para a escola e disse que iria contar para as pessoas que era gay porque estava muito orgulhoso.

As aulas começaram em uma segunda-feira. Quatro dias depois, Jamel foi encontrado morto em casa.

— Quatro dias foi tudo o que durou na escola. Eu nem consigo imaginar o que disseram para ele. Meu filho contou para a irmã mais velha que as crianças disseram a ele para se matar.

De acordo com Fabio Barbirato, psiquiatra infantil da Santa Casa de Misericórdia do Rio, a primeira coisa que pais devem fazer nessa situação é procurar ajuda profissional, de psicólogos ou psiquiatras especializados em desenvolvimento infantil. Isso porque, com apenas 9 anos, a sexualidade ainda não está definida, nem a criança tem capacidade cognitiva de compreender o assunto:

— Acho pouco provável que um menino de 9 anos saiba definir isso, porque a sexualidade é construída ao longo da vida. Talvez ele estivesse sofrendo transtornos de identidade de gênero ou depressão e isso não tenha sido observado e tratado corretamente.

Segundo a psicóloga Sally Carvalho, especialista em clínica infantil pela PUC-Rio, não basta que uma criança que se diz homossexual tenha aceitação dentro da família. Ela precisa se sentir aceita pelos grupos sociais nos quais está inserida. P orisso, além de dar suporte, é importante que qualquer família nessa situação informe à escola e discuta esse assunto com diretores, professores e psicólogos:

No caso de Jamel, quando ele disse “mãe, eu sou gay”, ele estava dizendo “mãe, eu sou gay, o que eu faço?”. Era um pedido de ajuda. Ele teve como resposta que é amado pela família, o que é muito importante, mas não costuma bastar. Ele também tinha a necessidade de ser aceito pelo grupo. A mãe, por não ser orientada sobre como lidar com o assunto, não falou sobre essa questão coma escola e com os responsáveis por outros ambientes que o filho pudesse frequentar.