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Clipping - Sem repasses, três UPAs já atendem apenas casos graves

Extra / Cidade

18/08/2018


Faltam remédios e exames nas unidades de Madureira, Vila Kennedy e Costa Barros

Com dor de garganta, febre e mal-estar, o bailarino Ruan Santos de Souza, de 20 anos, procurou atendimento na UPA Madureira, na Zona Norte do Rio, na tarde de ontem. Passou pela triagem, mas foi aconselhado a buscar outra unidade. O mesmo aconteceu com a estudante Tuane Alves, de 17, com a desempregada Juliana Neri, de 26, com o estudante Rehael Natal, de 16, e todas as outras pessoas que procuraram socorro lá e não corriam risco de morte.

Sem receber repasses da Prefeitura do Rio, a organização social (OS) Iabas, que administra a UPA Madureira, decidiu restringir o atendimento a pacientes graves desde a manhã de ontem. A situação se repete nas UPAs Vila Kennedy e Costa Barros, gerenciadas pela mesma OS.

— Estou me sentindo mal, com enxaqueca, queria um remédio. Recomendaram ir à Clínica da Família. Passei lá antes e estava mais cheia do que o normal. As pessoas não conseguem atendimento aqui e vão para lá — diz Juliana.

Ruan também foi embora da UPA Madureira do mesmo jeito que chegou, com dor de garganta, febre e mal-estar:

— Um funcionário me indicou procurar a UPA de Marechal Hermes, mas vou trabalhar assim mesmo.

Com um abscesso no polegar esquerdo, o estudante Rehael queria ter a dor e a infeçcão tratadas na UPA Madureira, mas não conseguiu. O pai dele lamentou ter que ir embora sem atendimento.

— Desde terça-feira, o dedo do meu filho só vem piorando. É uma sensação muito ruim ser dispensado apesar de o seu filho precisar de atendimento. Achei que iriam drenar esse abscesso — reclama o funcionário público Jeferson Pinto, de 39 anos.

Prefeitura deve R$ 18 milhões

A decisão de restringir o atendimento nas UPAs Madureira, Costa Barros e Vila Kennedy foi comunicada pelo Iabas à Secretaria municipal de Saúde por meio de um ofício enviado na quinta-feira. O último repasse da prefeitura à OS que administra as três unidades foi realizado em junho, e a dívida já ultrapassa R$ 18 milhões. Com o salário de julho atrasado, sem vale-transporte e com os cartões-combustível, no caso dos médicos, bloqueados, muitos profissionais estão faltando aos plantões.

As unidades enfrentam problemas também com o pagamento de empresas terceirizadas. No mês passado, a firma que entrega a comida ameaçou suspender o serviço. O laboratório, também terceirizado, vem funcionando de forma precária.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirma que não orientou as unidades a restringir o atendimento. A pasta informa que “trabalha junto com a Secretaria Municipal de Fazenda para regularizar os repasses e alguns pagamentos já foram realizados”.

‘Todos os 6 médicos faltaram’

Profissional de saúde da UPA Madureira

Ontem (quinta-feira), todos os seis médicos do plantão da UPA Costa Barros faltaram. Um gerente médico ficou na unidade para cuidar dos pacientes internados. A média tem sido quatro médicos por plantão, com dois faltando. Entre os profissionais de enfermagem, o índice de falta é maior. Muitos já não têm mais dinheiro para a passagem. Isso prejudica o atendimento. E já faltam medicamentos e insumos. As três UPAs (Madureira, Costa Barros e Vila Kennedy) estão sem hidrocortisona, que é muito importante para atender casos de asma ou reações alérgicas graves.

Tem dias que os funcionários do laboratório dizem que todos os reagentes acabaram e não temos como pedir nem um simples hemograma. Temos pacientes graves internados. São oito na sala amarela e quatro na vermelha. Isso nos preocupa.