Clipping - Trombose e embolia: riscos da negligência
Extra / Bem viver
25/07/2018
Imperícia e uso inadequado de substância para aumento dos glúteos pode levar à morte
Após o caso da bancária Lilian Calixto, de 46 anos, que morreu
depois de realizar um preenchimento nos glúteos com polimetilmetacrilato
(PMMA), a polícia do Rio investiga outros dois casos semelhantes. Ao serem
socorridas, as vítimas apresentavam falta de ar, o que sugere embolia pulmonar.
A suspeita é de que o produto aplicado para dar volume ao corpo tenha sido
injetado dentro de um vaso sanguíneo, se deslocado até uma artéria pulmonar e
provocado a parada cardiorrespiratória. Segundo médicos, esse é um dos maiores
riscos envolvidos no procedimento.
— O PMMA não é um produto que costuma ser usado por
cirurgiões plásticos. É liberado pela Anvisa para uso em pequena quantidade na
face em pacientes com HIV e perda de gordura. A substância não é absorvida pelo
organismo e não há estudos que comprovem a sua segurança a longo prazo — afirma
Sérgio Bocardo, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
(SBCP) e chefe do setor de cirurgia plástica do Hospital Federal de Ipanema.
Estudos que avaliaram a segurança do PMMA foram realizados
com o uso de 22 ml.
De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de
Dermatologia (SBD), Sérgio Palma, preenchedores permanentes, como o PMMA, estão
mais ligados a complicações:
— As imediatas, mais graves e temidas estão relacionadas
com os acidentes vasculares por embolização ou compressão arterial e venosa.
A SBD recomenda a utilização do ácido hialurônico como
padrão ouro de preenchedor estético facial. A substância custa dez vezes mais
que o PMMA.
— O ácido hialurônico pode ser utilizado para depressões
glúteas e não para aumento de volume. Se a intenção for essa, o indicado é a
colocação de prótese de silicone por um cirurgião plástico — diz Palma.
Abuso de anestésico
A realização de procedimentos estéticos, como
lipoaspirações e suas variadas nomenclaturas (lipolight, lipoescultura) em
local não apropriado, como salões de beleza, é outro grande risco.
— No lugar de sedar o paciente e fazer o procedimento com
toda a segurança num centro cirúrgico, o profissional terá que lançar mão de
anestésico local. Existe uma dose máxima que pode ser usada, sob risco de
intoxicação, podendo causar convulsão, arritmias e parada cardíaca. Para uma
lipo, sabemos do uso de anestésico local em doses altas, até cinco vezes mais
que o máximo recomendado. É um grande risco — alerta Bocardo.
Antes de se submeter a um procedimento, verifique se o
profissional tem registro no Cremerj (www.cremerj.org.br) e se é dermatologista
(www.sbd.org.br) ou cirurgião plástico (www2.cirurgiaplastica.org.br).