Clipping - Hospitais cancelam cirurgias
Extra / Cidade
28/05/2018
Com baixo estoque de sangue, unidades suspendem operações não emergenciais
O Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), ligado à
Uerj, precisou suspender novas internações eletivas (não emergenciais). O
motivo, segundo comunicado enviado pela direção geral, é a “atual situação de
abastecimento da unidade, em especial oxigênio”.
“Seguem suspensas novas internações eletivas, podendo,
entretanto, ocorrer internação de casos graves ou cirúrgicos, conforme
necessidade”, informou a nota. Por enquanto, estão mantidas as cirurgias
eletivas que já estavam marcadas.
Quanto aos demais hospitais da rede estadual, a Secretaria
de Saúde informou que cada unidade vai avaliar a necessidade de suspender ou
não as cirurgias eletivas a partir de hoje. Segundo a pasta, os hospitais estão
recebendo medicamentos, insumos e alimentos, mas os estoques de sangue estão
baixos. Ontem, até o fim da manhã, apenas três doadores haviam comparecido ao
Hemorio.
— Todas as nossas unidades estão em funcionamento, mas, com
os baixos estoques de sangue, precisamos priorizar as cirurgias de emergência.
Quem morar ou trabalhar próximo ao Hemorio e puder doar sangue vai nos ajudar a
salvar vidas — disse o secretário estadual de Saúde, Sérgio Gama.
Já a Prefeitura do Rio decidiu suspender as cirurgias
eletivas que seriam realizadas nos próximos dias. No entanto, a Secretaria
municipal de Saúde (SMS) admite que mesmo assim há problemas. Por dificuldades
com transporte, cerca de 30% dos funcionários, principalmente nas áreas de
apoio, como auxiliares de enfermagem, têm faltado aos plantões nas unidades
municipais. Há problemas também na alimentação dos pacientes internados. Sem
entrar em detalhes, a SMS informou que se viu obrigada a fazer “adaptações nos
cardápios”.
Por enquanto, a rotina de funcionamento de UPAs e clínicas
da família está mantida. No entanto, o esquema será avaliado ao longo do dia de
hoje. Os remédios em estoque também ainda são suficientes para manter a
demanda.
Em Nova Iguaçu, o Hospital da Posse informou que suspendeu
as cirurgias eletivas para manter o atendimento na emergência e dos pacientes
internados. Também está havendo remanejamento de funcionários para que os
plantões estejam com o quadro completo de profissionais. Não há falta de
insumos ou medicamentos, mas a situação pode agravar a partir de amanhã caso a
situação não seja normalizada.
Rede privada também sofre com a crise
A Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp)
divulgou nota, ontem, ressaltando a “grande dificuldade de acesso dos médicos e
demais funcionários dos hospitais para chegarem às instituições, o que
dificulta, e por vezes impede o atendimento aos pacientes”.
A entidade, que representa 106 hospitais privados, também
afirmou que há escassez de alimentos, ambulâncias paradas por falta de
combustível, escassez de rouparia limpa, e problemas no recolhimento do lixo
hospitalar. Em função disso, a partir de hoje, afirma a associação, “muitos
hospitais não conseguirão mais garantir o acesso e a continuidade do cuidado
dos pacientes que necessitarem de tratamento”. O Hospital Unimed-Rio e o Grupo
Américas cancelaram as cirurgias eletivas desde o último sábado. A Casa de
Saúde São José suspende a partir de hoje.
Ontem, a empresa Fresenius Medical Care, que tem 28
clínicas de hemodiálise no Brasil, sendo 13 no estado do Rio, conseguiu
abastecer as unidades fluminenses. Mas o material entregue garante a terapia
dos pacientes apenas até quarta-feira.