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Clipping - Cresce espera por cirurgia de mama

Extra / Cidade

09/05/2018


Número de vagas para consulta de primeira vez em hospitais federais que tratam câncer caiu 46%

Foi tomando banho que Vera Lúcia dos Passos Cruz, de 71 anos, teve certeza de que havia um caroço no seio esquerdo. Conseguiu realizar a biópsia no Rio Imagem, centro estadual de diagnóstico por imagem, no dia 4 de agosto do ano passado, um mês depois de ter passado pelo médico, no PAM Meriti, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. O laudo positivo para câncer de mama saiu no dia 17 de agosto. Mas então veio a espera pela cirurgia, que só foi realizada no Hospital Federal da Lagoa no dia 24 de janeiro, 160 dias após o diagnóstico.

As filas invisíveis no Sistema Estadual de Regulação (SER) para acesso ao tratamento aumentam na proporção em que as vagas para primeira consulta em mastologia oncológica diminuem. Entre 2016 e 2018, a redução foi de 46%. Dados do SER mostram que os seis hospitais federais no Rio e o Instituto Nacional de Câncer (Inca) ofertaram, em 2016, o total de 3.451 consultas (média mensal de 287); em 2017, 3.234 consultas (média de 269); este ano, até abril, foram 615 consultas (média mensal de 154).

— O Inca, que já teve 22 mastologistas, hoje tem sete na linha de frente, atendendo na unidade que trata câncer de mama. Pacientes que chegaram ao instituto em outubro foram operadas em março. No Mario Kröeff, a fila cirúrgica é de dois meses. Faltam profissionais — afirma Sandra Gioia, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia Regional do Rio.

A médica coordenou um estudo com 200 pacientes com câncer de mama atendidas no Rio Imagem, entre julho e dezembro de 2017, e constatou que só 30% das mulheres iniciaram o tratamento no prazo de 60 dias, determinado por lei.

— Todas essas tiveram como primeiro tratamento a quimioterapia. Nenhuma paciente que iniciou o tratamento por cirurgia conseguiu a operação dentro do prazo da lei. Elas perdem de 30 a 40 dias só para fazer o risco cirúrgico, que poderia ser antecipado nas unidades municipais e estaduais — diz Sandra.

O Ministério da Saúde afirma que, em 2017, os seis hospitais federais no Rio ampliaram em 5,8% a realização de cirurgias oncológicas de mama, em relação a 2016. Informa que está aumentando em 30% o número de oncologistas nas unidades, com seleção em andamento. O Inca diz que recebe, em média, 140 pacientes por mês com câncer de mama e e que, em 2017, matriculou 1.712 novas pacientes.

Uma cirurgia de reconstrução é feita a cada 7,5 mastectomias Falta de médicos na rede é apontada como causa da redução de atendimentos Pacientes levam de 30 a 40 dias para realizar o risco cirúrgico dentro dos hospitais

‘Já espero há 104 dias por um laudo’

DEPOIMENTO VERA LÚCIA CRUZ

71 anos, aposentada, de São João de Meriti

Depois que recebi o diagnóstico no Rio Imagem, em agosto, esperei até janeiro pela cirurgia, em que tiraram uma parte do meu seio. Foram 160 dias com a vida em suspenso. Mas até hoje não recebi o laudo do tumor retirado, que foi enviado ao Inca. Já são 104 dias esperando. Sem esse exame, a médica não define os próximos passos do tratamento, se farei quimioterapia ou radioterapia. No próximo dia 17, tenho a segunda consulta de pós-operatório, mas a médica disse que nem adianta ir se não tiver esse exame. Mais uma vez, estou com a vida em suspenso. Preciso resolver minha vida.