Clipping - Conversar com crianças ajuda a desenvolver o cérebro delas
Extra / Bem-viver
28/04/2018
Bons diálogos têm impacto importante no futuro dos pequenos, diz pesquisadora
A professora Meredith Rowe, da Escola de Educação da
Universidade de Harvard, quer estimular os pais a conversar mais — e melhor —
com seus filhos. Meredith estuda como crianças desenvolvem a habilidade de
trabalhar com a linguagem — como aprendem a falar, ler, escrever e compreender
números. Segundo sua pesquisa mais recente, ter “boas conversas” desde os
primeiros meses de vida é fundamental para o desenvolvimento do cérebro
infantil e tem impacto importante no futuro dos pequenos.
Meredith e seu time gravaram, por dois dias, as interações
que 36 crianças, entre 4 e 6 anos, tinham com seus pais e cuidadores. A
qualidade desses diálogos foi medida de acordo com o número de “idas e vindas”
da conversa: o número de vezes em que a criança perguntava e o adulto respondia
— e vice-versa. As mesmas crianças passaram por exames de ressonância
magnética. O resultado foi que a área do cérebro responsável pelo processamento
da linguagem era mais ativa naquelas que tinham experimentado diálogos mais
significativos. Segundo ela, as conversas ajudaram a moldar o desenvolvimento
do cérebro infantil.
Suas conclusões unem-se às de outros estudos que, desde os
anos 1990, apontam que crianças que escutam mais palavras dirigidas a elas, nos
primeiros anos de vida, têm maior facilidade na alfabetização e melhor
desempenho escolar. Ela também ressalta a importância de se investir na
primeira infância, um período crucial para o desenvolvimento do cérebro.
— A conversa muda a forma como o cérebro infantil processa
a linguagem. Exames nos mostraram que, naquelas crianças que se expressavam
mais em casa, as áreas do cérebro responsáveis pela linguagem eram mais ativas.
E, na verdade, não dá pra dizer que essa conclusão seja surpreendente. Crianças
que têm maior exposição à linguagem aprendem a utilizá-la melhor. Seus cérebros
estão mais aptos a isso — explica Meredith.
‘Esses
estímulos trazem vantagens cognitivas’
MEREDITH ROWE Professora da Universidade de Harvard
Quais
os efeitos desses estímulos na primeira infância?
Trazem vantagens cognitivas. Crianças que falam sobre o que
pretendem fazer desenvolvem habilidades de planejamento. E, ao falar sobre o
que já fizeram, estimulam a memória.
O
que são “boas conversas”?
São quando a criança se envolve no diálogo. O número de
palavras não importa tanto quanto a qualidade das interações. São as idas e
vindas, em que a criança fala e o adulto responde, e viceversa, que fazem a
diferença.
E
com os bebês?
Ele vai se desenvolver melhor se puder interagir com os
pais. A comunicação não precisa de palavras. Pode ser com gestos ou balbucios.