Clipping - Mamografia: Rio tem o pior cenário dos últimos 5 anos
Extra / Cidade
13/04/2018
Número
de exames feitos no estado cobriu apenas 14,5% das mulheres entre 50 e 69 anos
A porcentagem de mulheres entre 50 e 69 anos, atendidas
pelo SUS, que fizeram mamografia em 2017 foi a menor dos últimos cinco anos no
estado do Rio. Estudo da Rede Brasileira de Pesquisa em Mastologia, em parceria
com a Sociedade Brasileira de Mastologia, analisou dados do Ministério da Saúde
e verificou que eram esperadas 1,1 milhão de mamografias para atender a
população alvo, mas foram realizadas apenas 164 mil, uma cobertura de 14,5%,
voltando a parâmetros de cinco anos atrás e bem abaixo dos 70% recomendados
pela Organização Mundial de Saúde.
O Rio de Janeiro tem o nono pior índice de cobertura
mamográfica do país, sendo o mais mal colocado do Sudeste. O índice nacional
também caiu. De acordo com a pesquisa, para atender as mulheres na faixa etária
preconizada pelo Ministério da Saúde para fazer o rastreamento do câncer de
mama, deveriam ter sido realizadas 11,5 milhões de mamografias no país. Mas apenas
2,7 milhões foram feitas, uma cobertura de 24,1%.
— O Brasil tem quase cinco mil mamógrafos. Não faltam
equipamentos, mas gestão. Cerca de 5% dessas máquinas estão fora de uso, uma
parte delas também não funciona o período integral porque faltam técnicos,
faltam radiologistas para dar laudo. Quem paga por essa desorganização são as
mulheres — diz o coordenador da pesquisa, Ruffo de Freitas Júnior, professor da
Universidade Federal de Goiás e presidente do Conselho Deliberativo da
Sociedade Brasileira de Mastologia.
A demora na marcação de exames acaba empurrando muitas
mulheres para as clínicas privadas.
Muitas pagam pelo exame para encurtar a espera e chegar
logo ao tratamento — diz o médico, citando pesquisa da Universidade Federal de
São Paulo (Unifesp), um centro de referência, que revelou o tempo médio entre
os sintomas iniciais e a primeira consulta com o mastologista em sua unidade:
252 dias.
Para sociedade médica, exame deve começar
aos 40
Enquanto o Ministério da Saúde recomenda que a mamografia
de rotina seja feita a partir dos 50 anos, a cada dois anos, a Sociedade
Brasileira de Mastologia (SBM) preconiza a realização do exame anualmente para
todas as mulheres a partir dos 40 anos.
— Isso significa que, se fôssemos ampliar a abrangência do
estudo, o cenário é ainda bem mais complexo, desesperador — diz o presidente da
SBM, Antônio Frasson, acrescentando que o acesso é uma das principais bandeiras
que os mastologistas têm levantado nos últimos anos.
A Secretaria estadual de Saúde (SES) afirmou que os municípios são responsáveis pelo exame de mamografia. Em apoio às prefeituras, a SES respondeu que “disponibiliza a estrutura do Rio Imagem, que conta com três aparelhos de mamografia”, além dos equipamentos instalados no Hospital Estadual da Mulher, no Hospital Estadual dos Lagos e do mamógrafo móvel. A secretaria informou que são disponibilizadas, por mês, cerca de 7.500 mamografias na rede estadual e ressaltou o alto índice de faltas das pacientes agendadas no Rio Imagem, cerca de 30%.
‘Dificuldade
para agendar ainda é o pior’
RUFFO
DE FREITAS JÚNIOR Mastologista e coordenador da pesquisa
A dificuldade para agendar e realizar a mamografia ainda é
o principal motivo para o baixo número de exames, além da triste realidade
encontrada nos hospitais com equipamentos quebrados e falta de técnicos
qualificados para operá-los.