Clipping - Vacina contra a febre amarela já começa a faltar nos postos
Extra / Cidade
17/01/2018
Em
várias unidades, estoques não deram conta da procura. Estado diz que não faltam
doses
No dia em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou
o Estado de São Paulo como área de risco para turistas por causa da febre
amarela, o Rio enfrentou, mais uma vez, problemas na logística de vacinação,
com pessoas batendo à porta de postos em que os estoques acabavam rapidamente.
Apesar de alegar ter doses suficientes para a imunização de todos e garantir
não ser necessária a antecipação da campanha de fracionamento do Ministério da
Saúde, que só começará em fevereiro, o Estado do Rio ainda tem 60% de sua a
população alvo para ser imunizada, cerca de 8 milhões de fluminenses.
Levantamento do jornal “O Globo” revela que esse é um contingente maior do que
o de São Paulo e de Minas Gerais, onde, respectivamente, 6,3 milhões e 3,6
milhões de pessoas ainda precisam ser vacinadas.
Em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, filas davam
voltas em frente e dentro de postos, onde as doses acabaram cedo. A situação
não foi diferente nas unidades da capital, que distribuíram senhas. Na
Policlínica José Paranhos Fontenelle, na Penha, 300 números foram entregues a
partir das 8h e, às 11h, não havia mais estoque.
No Centro Municipal de Saúde Clementino Fraga, em Irajá, só
quem chegou muito cedo conseguiu uma das 120 senhas para ser vacinado de manhã.
O vendedor Renato Dantas, de 47 anos, que entrou na unidade às 10h30m precisou
esperar duas horas, quando foi oferecida uma segunda leva de 80 senhas. — É um
absurdo termos que esperar tanto. Mas, com cada vez mais casos no estado, a
gente fica preocupado. Vim me proteger.
Segundo Kátia Duarte, diretora da unidade de Irajá, não há
falta de vacinas:
Estamos restringindo a vacinação. Não podemos fazer a
triagem de forma irresponsável. Tivemos de abrir uma sala extra devido à grande
procura.
‘A população estava inerte’
Os números mostram a corrida aos 244 centros de saúde e
clínicas da família da Prefeitura do Rio. Só anteontem foram aplicadas 26.279
doses, enquanto em novembro e dezembro foram vacinadas 20.321 e 16.592 pessoas.
— Demorei a me preocupar. Agora, vi que precisava me
proteger e proteger meus filhos — explicou a dona de casa Maria do Socorro
Gonçalves, moradora de Irajá.
Para o epidemiologista Edimilson Migowski, professor da
Faculdade de Medicina da UFRJ, o Brasil sofre com a falta de educação em saúde:
— Isso provoca inércia da população, que se vacina só
quando a situação está grave.
A falta de vacina atinge também as clínicas particulares.
De dez procuradas, apenas uma disponibilizava ontem a imunização, a R$ 215.
UM CICLO DE MEDO
Doença exportada
A Holanda confirmou ontem um caso de febre amarela, que,
segundo autoridades do país, teve origem no Estado de São Paulo. Quem contraiu
a doença é um homem de 46 anos que retornou para casa na semana passada, após
uma viagem de 21 dias pelo Brasil. Ele esteve em Mairiporã, cidade que
registrou mortes provocadas pela febre amarela.
Macaco morto
Um macaco sagui foi encontrado morto na tarde de
segunda-feira no município de Engenheiro Paulo de Frontin. O animal foi
recolhido e levado para exames, que vão identificar a causa da morte.
Tempo do vírus
Historicamente, os surtos de febre amarela têm início em
outubro e resistem por dois ou três anos, com picos nos verões. Começou entre
2016 e 2017 e segue.
Salto nos números
O secretário executivo do Ministério da Saúde afirmou que o
número de notificações por febre amarela deu um salto de 42% em apenas 20 dias.
De julho a 26 de dezembro, foram 330 e, de dezembro até 14 deste mês, 470.
SAIBA MAIS
A vacina é indicada para todas as pessoas de 9 meses a 60
anos, que não tenham contraindicação
Não devem tomar pessoas com sistema imunológico
comprometido, alérgicos a ovo e derivados, gestantes, mulheres que estejam
amamentando, portadores de HIV e idosos com mais de 60 anos. Mas há casos que o
médico pode autorizar
Para saber onde tem um posto perto da sua casa ligue 1746
ou acesse http://www.rio.rj.gov.br/ web/sms
Macacos não transmitem a doença, eles também são vítimas. A
febre amarela é transmitida por mosquitos Haemagogus janthinomys, Sabethes ou
Aedes aegypti.