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Clipping - Surto de hepatite A investigado

Extra / Cidade

09/01/2018


Após 75 casos confirmados da doença no Vidigal, amostras de água passam por análise

A Secretaria municipal de Saúde investiga a causa de um surto de hepatite A no morro do Vidigal, na Zona Sul do Rio. Há 7 anos a comunidade não registrava um caso da doença. No último mês, no entanto, foram notificadas 92 suspeitas, sendo 75 confirmadas. A maioria dos infectados são homens entre 20 e 30 anos. A prefeitura trabalha com a hipótese de que o aumento de casos esteja relacionado à contaminação da água. Equipes da Vigilância Sanitária passaram o dia coletando amostras em oito pontos do morro. O material foi submetido à análise do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), e os resultados saem até sexta-feira.

Segundo o secretário de Saúde, Marco Antônio de Mattos, trata-se de um surto localizado, pois não foi observado aumento nos casos em outros locais da cidade. Em visita ao Vidigal, ontem de manhã, o prefeito Marcelo Crivella pediu aos moradores atenção redobrada com a higiene e cautela no consumo de água. Uma cartilha com orientações para prevenção da doença foi distribuída.

— É muito importante não beber água de poço, lavar as frutas com água fervida ou jogar o comprimido de hipoclorito que está sendo distribuído nos postos de saúde — disse o prefeito, após conversar com funcionários do Centro Municipal de Saúde Dr. Rodolpho Périssé.

As amostras foram coletadas em colégios, creches, um centro de distribuição de galões de água, um bebedouro comunitário, duas minas e duas fábricas de gelo. Por abastecerem muitos ambulantes que vendem produtos na orla da Zona Sul, as fábricas de gelo geram preocupação adicional.

— Normalmente as pessoas usam água de torneira para fazer gelo. Só que, ao lidar com o gelo, as pessoas podem contaminar a mão e transmitir para outras pessoas — disse Crivella.

Apesar da preocupação, o secretário de Saúde afirma que não há nenhum tipo de recomendação para que banhistas deem preferência a produtos industrializados.

A recomendação é que se tenha cuidado com alimentos e que se faça higiene pessoal. Ninguém da Secretaria de Saúde ou da Vigilância Sanitária orientou para a utilização de alimentos industrializados — diz o secretário de Saúde, Marco Antônio de Mattos.

Posto vacina crianças e parentes da comunidade

Os 75 casos de hepatite A confirmados no Vidigal estão sendo acompanhados pelo Centro Municipal de Saúde da comunidade. Crianças até 4 anos, 12 meses e 29 dias estão sendo vacinadas. Parentes de infectados também foram imunizados. O Ministério da Saúde recomenda a vacinação de hepatite A para crianças de 15 meses a 5 anos. Para bloqueios de surto, a vacina pode ser usada a partir dos 12 meses. O município já avalia a possibilidade de ampliar a vacinação para adolescentes e adultos.

O vírus da hepatite A é hoje a principal causa de insuficiência hepática aguda no Brasil, segundo o infectologista Edimilson Migowski.

Antes de deixar o Vidigal, o prefeito foi interpelado por moradores que reclamaram sobre a falta de remédios e falta de manutenção do arcondicionado da unidade, que está quebrado.

— Remédio, aqui, só Jesus. As mães saem com as crianças chorando — disse a doméstica Maria Durães Lopes, de 68 anos.

O prefeito negou a falta de remédios, mas reconheceu que há problemas no espaço.

— O Rio atravessa uma crise tremenda. São fatores adjacentes que vamos cuidar. Hoje, o mais importante é tratar do surto da hepatite — disse Crivella.

Caracterizada como uma doença comum em locais sem saneamento básico, a hepatite A é provocada por um vírus que ataca as células do fígado e provoca inflamação no órgão.

— Após atacar o fígado, o vírus circula pelo corpo até ser eliminado por meio das fezes — explica Eduardo Usuy, membro da Federação Brasileira de Gastroenterologia.

Na maioria dos casos, a evolução da doença é benigna, ou seja, não provoca problemas graves para a saúde, mas há casos em que condição aparece de forma fulminante.

— Pode ocorrer um ataque ao fígado mais acentuado do que na hepatite A normal. É raro, mas pode levar à morte — alerta Helio Magarinos Torres Filho, membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e diretor médico do Richet Medicina e Diagnóstico.

A hepatite A é transmitida principalmente por água e alimentos contaminados pelo vírus da doença. Por isso, é importante manter uma boa higiene sempre lavando as mãos após usar o banheiro e antes de comer e preparar as refeições.

Os sintomas iniciais são febre, dor na barriga, mal-estar e falta de apetite. Nos dias seguintes, os contaminados apresentam pele e olhos amarelados, fezes esbranquiçadas, urina escura, náuseas e vômitos.

Não existe um tratamento específico para a hepatite A. Especialistas recomendam que os pacientes diagnosticados com a doença mantenham repouso e não se automediquem.

— Deve-se evitar também o consumo de álcool, porque as bebidas podem prejudicar a recuperação do fígado — orienta Magarinos.

Em média, pessoa contaminada leva 15 dias para se curar da doença. Quem já teve hepatite A fica imune ao mal.

A vacinação é uma das formas de prevenção. Para as crianças menores de 5 anos, a vacina é oferecida gratuitamente nas clínicas da família e nos postos de saúde. Pessoas com mais de 5 anos devem buscar a injeção em clínicas particulares. O preço médio é de R$ 180. O EXTRA entrou em contato com quatro clínicas do Rio, mas em nenhuma delas a vacina estava disponível.

Quem já teve hepatite A fica imune e não pode pegar nem transmitir a doença

Febre amarela: 37% da população está imunizada

O município do Rio tem 37% da população imunizada contra a febre amarela. Apesar de ser um percentual baixo, sobretudo diante dos casos registrados em três municípios do estado, a prefeitura diz não haver motivo para preocupação. E lembra que os postos oferecem a vacina. No dia 5 de fevereiro, será lançada uma campanha de vacinação contra febre amarela do Ministério da Saúde, com o município e o governo do estado.