Clipping - Tecnologia e amor de mãos dadas
Extra / Cidade
31/12/2017
ONG fabrica e doa próteses 3D para crianças nascidas com alguma malformação
Um dos grandes sonhos da pequena Ana Clara Romão Cantarino,
de 10 anos, foi realizado: andar de bicicleta sem medo de cair. Agora, a
menina, que nasceu com malformação na mão direita e no pé esquerdo, já faz
planos de tirar as rodinhas. Foi a tecnologia 3D que imprimiu essa possibilidade,
com um empurrãozinho de amor e solidariedade de uma ONG carioca, que fabrica e
doa próteses personalizadas. O novo design permite que a criança segure objetos
com facilidade.
— A sensação de andar de bicicleta sem medo é de liberdade.
Fiquei muito feliz. Nunca foi um problema para mim (ter a deficiência). Quando
perguntam alguma coisa, reajo com naturalidade — conta ela, que também se
arriscou no patinete.
Sem que ela ou qualquer pessoa soubesse, a vida de Ana
Clara começou a mudar a partir do momento em que executivo de contas Claudio
Marcus Costa Boa Nova, de 42 anos, resolveu replicar, no Brasil, a iniciativa
da ONG americana que deu uma prótese para o filho dele, Paulo, de 8 anos. O
menino nasceu com uma deficiência na mão direita. Sensibilizado, Claudio se
reuniu com amigos médicos, arquitetos, engenheiros e de outras áreas para criar
a ONG Imprimindo Vida.
— É uma doação de amor. É retribuir e tentar fazer mais
pelas pessoas. Se metade da sociedade se entregasse com amor, a gente viveria
num mundo melhor. Queremos ajudar todo mundo, independente da classe social —
destaca Claudio Marcus. — O custo de uma prótese como a nossa, em 3D, é alto
demais. Pode chegar a R$ 100 mil. Só que, com as nossas parcerias e o
investimento dos membros, a que nós demos para Ana Clara custou apenas R$ 1
mil.
Ainda de acordo com ele, a Imprimindo Vida, que também
acompanha os beneficiados após a doação, tem também por objetivo capacitar
pessoas para criar novas tecnologias.
Existe uma carência muito grande de profissionais que
desenvolvam esse tipo de material no mercado. Por isso, queremos colaborar para
alimentar esse cenário — projeta ele.
—
Novas possibilidades
Claudio Marcus confessa o susto inicial ao saber da
deficiência dos filhos.
— A maior dificuldade foi nossa, não dele. Paulo não tem
problema com a condição física dele. A gente sempre o tratou de forma
igualitária — diz Claudio, que tem mais três filhos.
Segundo Janaina Romão, mãe de Ana, a filha acabou se
tornando mais independente.
— Claro que a gente toma um susto, mas criei minha filha
como os dois irmãos. Minha preocupação, na verdade, era com o preconceito na
rua. Mas ela tem vida normal — conta.
A prótese trará novas possibilidades para a filha.
— Quero que ela faça tudo que quiser. Ela está feliz. Na
verdade, sempre foi. Agora, tem o mundo nas mãos.