Clipping - Empresa municipal assumirá o Rocha Faria
O Globo / Rio
29/12/2017
RioSaúde substituirá organização social na gestão do hospital; transição deverá ser concluída em 45 dias
Uma das principais emergências médicas da Zona Oeste, o
Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, será administrado pela RioSaúde, empresa
municipal criada em 2013 e responsável pela gestão de três Unidades de Pronto-
Atendimento ( UPAs) e uma Coordenação de Emergência Regional ( CER). O anúncio
foi feito ontem pelo prefeito Marcelo Crivella, que confirmou, como o GLOBO
havia antecipado, a rescisão do contrato do município com o Instituto de
Atenção Básica e Avançada à Saúde ( Iabas), Organização Social ( OS)
encarregada do funcionamento do hospital. Segundo Crivella, a RioSaúde assumirá
o Rocha Faria em 45 dias, ao fim de um processo de transição.
O Iabas era responsável pela gestão do Rocha Faria desde 2016, mas o atendimento a pacientes, de acordo com a prefeitura, apresentou irregularidades. Na terça- feira, o Conselho Regional de Medicina ( Cremerj) fez uma vistoria no hospital e constatou que na sala vermelha, onde ficam os pacientes graves, a maioria dos monitores cardíacos não funcionava. A OS também administra outras 77 unidades da rede de atenção primária na Zona Oeste e três UPAs ( Costa Barros, Vila Kennedy e Madureira). Ontem, foi publicado no Diário Oficial que o Iabas terá que pagar multa de R$ 27,9 milhões.
PROMESSA DE MELHORIA A CURTO PRAZO
Durante entrevista coletiva na prefeitura, o economista
Ronald Munk, diretorpresidente da RioSaúde, prometeu dar “um choque de gestão
no Rocha Faria”.
— Convido vocês ( jornalistas) a verem daqui a três meses,
no máximo, como o Rocha Faria estará diferente do que é hoje — disse Munk.
O diretor- presidente da RioSaúde informou ainda que os
funcionários do Iabas que quiserem continuar trabalhando no Rocha Faria poderão
assinar contratos de prestação de serviços com a empresa municipal:
— Vamos fazer um processo de seleção simplificado para a
nova gestão.
Ao ser questionado sobre
os problemas do Rocha Faria, Crivella frisou que o município enfrentou, ao
longo deste ano, uma grave crise financeira:
— O município tem uma dívida acumulada de R$ 10 bilhões.
Somente de juros, pagamos R$ 1,5 bilhão este ano. Foi uma luta incansável para
que a gente pudesse manter os serviços. O Rocha Faria tem uma estrutura física
antiga e ficou muitas vezes superlotado; faltavam médicos, remédios e insumos.
Havia também uma avaliação, feita pela Secretaria de Saúde, de que, nas
condições de suprimento de mão de obra, remédios e insumos, a performance da
unidade não era adequada. Em alguns relatórios pedimos correções, que não foram
adotadas.
Em nota divulgada na quarta- feira, o Iabas afirmou que o
Rocha Faria e a Coordenadoria de Emergência Regional da unidade funcionam desde
a metade do ano com recursos insuficientes e que a prefeitura lhe deve mais de
R$ 16 milhões.
O vereador Paulo Pinheiro ( PSOL), integrante da Comissão
de Saúde da Câmara Municipal, criticou a gestão do município na área de saúde.
Segundo ele, o modelo de terceirização de gestão de hospitais não funciona.
— O que aconteceu com o Rocha Faria revela que o modelo
adotado pela prefeitura faliu. Sabemos que a receita do município caiu em 2017,
mas faltou gestão, faltou prefeito. Ele não pode cortar dinheiro da saúde
porque isso mata pessoas. Morreu gente no Rio por falta de médico e atendimento
— afirmou Pinheiro.
A administração da rede municipal de saúde do Rio é
dividida entre organizações sociais ( que controlam 52% das unidades) e a
própria prefeitura.
— O modelo terceirizado é caro. O contrato com o Iabas, de
dois anos, só terminaria em 2018. O documento previa um repasse total de R$ 233
milhões, algo em torno de R$ 9,5 milhões por mês. É muito caro, e está provado
que não tem resolvido — disse o vereador.