Clipping - Rocha Faria abandonado
Extra / Cidade
26/12/2017
Parentes de pacientes relatam falta de insumos e atendimento precário em hospital municipal
Vera Lucia Coutinho de Almeida, de 70 anos,
e Jurema Mendes, de 86, foram internadas no Hospital municipal Rocha Faria, em
Campo Grande, com diferença de apenas um dia — uma em 11 de dezembro, outra no
dia seguinte. Em ambos os casos, quedas dentro de casa causaram fraturas nos
fêmures das idosas. A falta de materiais básicos e de profissionais na unidade,
conforme denunciam parentes das pacientes, estendeu ainda mais a lista de
desagradáveis coincidências: as duas aguardam há uma semana por cirurgia e,
como o procedimento não foi feito, precisaram passar o Natal em um leito de
hospital.
Renata Coutinho de Almeida Pinheiro, de 44 anos, filha de Vera, conta que a família está precisando arcar com as despesas com medicamentos. A loção para cicatrizar as escaras que se formaram nas costas da idosa, por exemplo, já precisou ser comprada duas vezes, a um custo de R$ 40 por pote. Além disso, o hospital também não vem oferecendo as fraldas geriátricas.
— Falei com a enfermeira sobre a escara, e ela disse: “Como
vamos fazer curativo se não temos nem a pomada para passar?”. É uma situação
precária. E ainda tem essa situação da cirurgia. Na última quinta, marcaram
para o dia seguinte. Depois, cancelaram. Disseram que era porque estavam sem
material, mas para outras pessoas alegaram que não havia anestesista.
Vivian Dias, de 35 anos, sobrinha de Jurema, apresenta um
relato semelhante.
— Está tudo pronto, todos os exames estão feitos, só falta
a cirurgia. A gente fica nessa luta, à mercê do descaso.
Remarcação de cirurgias
Não são apenas os pacientes com problemas ortopédicos que amargam uma longa espera por procedimentos no Rocha Faria. Neide Monteiro de Souza, de 73 anos, deu entrada na unidade há duas semanas com um quadro de sangramento. Desde então, fez endoscopia e tomografia, exames que não foram suficientes para indicar a origem do problema. A idosa aguarda, agora, que a unidade providencie uma colonoscopia. Na última quinta-feira, ela chegou a ser encaminhada para o centro cirúrgico, mas voltou porque, segundo o informado à família, não havia anestesista.
— O médico até foi muito
atencioso, mas disse que não tem mais o que fazer até que a colonoscopia seja
feita. Para piorar, ele falou que esse procedimento só é feito às
quintas-feiras, e que não existe garantia de que isso acontecerá ainda esta
semana. Ou seja, talvez só no ano que vem. É desumano — reclama Eliane
Conceição, de 51 anos, filha da paciente.
A direção do Hospital Municipal Rocha Faria informou que,
no último dia 22, as cirurgias eletivas foram suspensas por atraso na entrega
da escova cirúrgica. O material já chegou e todas as cirurgias estão sendo
remarcadas. Sobre insumos e medicamentos, o reabastecimento da unidade vem
sendo feito e não há, no momento, nenhuma falta que impeça o atendimento dos
pacientes.