Clipping - Velho recurso que tem efeito contrário
Extra / Bem Viver
11/12/2017
Estudo mostra que ‘corrigir’ com palmadas piora o comportamento da criança
Os adultos de hoje foram criados levando tapinhas, palmadas e aquelas surras quando faziam algo de errado na infância. Ainda há quem acredite que esse é um bom recurso para educar crianças. Mas um estudo realizado pela Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, afirma que crianças que apanharam de seus pais até os 5 anos mostraram mais problemas de comportamento aos 6 e aos 8, se comparadas àquelas que não receberam este tipo de castigo. O resultado foi obtido por meio de estatísticas, o que até então ainda não havia sido feito.
— Eu apanhei quando criança e funcionava comigo. Mas, o que
eu tenho percebido com a minha prática profissional e como mãe é que a palmada
não surte mais efeito e realmente piora a situação. Quando eu dava tapinhas na
mão do meu filho, ele queria repetir o ato comigo e com o pai — observa Ellen
Moraes Senra, psicóloga especialista em terapia cognitivo comportamental e mãe
do pequeno Rafael, de 2 anos e 8 meses.
Os professores das crianças que apanhavam disseram aos
pesquisadores que elas eram as que mais discutiam, lutavam, ficavam com raiva,
agiam impulsivamente e perturbavam as atividades em andamento na aula.
— As crianças replicam o comportamento dentro de sala, pois
a forma como eles aprenderam de se comunicar com o outro e conseguir o que quer
é batendo. Muitas vezes, o educador quer um resultado imediato e acredita que
batendo vai ensinar a criança a maneira correta de ouvir — afirma Claudia Melo,
psicóloga e membro do Conselho Tutelar.
Em 2014, entrou em vigor no Brasil a chamada “Lei da palmada”,
que proíbe os pais de aplicar castigo físico, tratamento cruel ou degradante
como forma de educar seus filhos. A alternativa para a palmada é o diálogo.
— Quando um educador utiliza de agressão física para educar
a criança, abre-se mão de um dos principais recursos educacionais que é o
diálogo — diz Luciana Brites, psicopedagoga e fundadora do Instituto
NeuroSaber.
Muita calma nessa hora
Uma das maneiras de evitar
que a criança faça algo de errado é estabelecer limites.
— Para minimizar essas possibilidades (de que seu filho
faça algo de errado), é bom que os pais estabeleçam regras claras, mostrando
para a criança até onde ela pode ir. O ideal é trabalhar de forma preventiva —
orienta Luciana.
Mas, se mesmo assim, a criança errou, é importante que os pais mantenham o controle, tenham paciência e corrijam os filhos com amor.
— É de extrema importância
que os pais mantenham a calma, pois se você está estressado acaba tendo mais
risco de fazer algo do qual vai se arrepender depois — afirma Ellen.
Segundo a psicóloga, alguns pais justificam a agressão
alegando que não conseguem levar a criança na conversa ou apenas no castigo:
— Alguns pais são incoerentes na correção. Por exemplo, o pai coloca de castigo e a mãe tira e vice-versa. Ou então, num momento aquela atitude da criança é errada, mas no outro não há problema. Não importa onde for, você precisa corrigir seu filho sempre.