Clipping - Hospital Pedro Ernesto suspende novas internações
Extra / Cidade
05/12/2017
Com atrasos nos salários, hospital da Uerj decide reduzir atendimentos
Novas internações só ocorrerão quando essa meta for
atingida, avisou o hospital em documento interno. O Pedro Ernesto, em Vila
Isabel, é referência em diferentes especialidades, como transplantes, e conta
com cerca de 2.700 funcionários.
De acordo com o Hupe, sem previsão de pagamento, muitos
servidores estão com dificuldades para ir trabalhar. “Considerando a
necessidade de garantir a qualidade do atendimento dos pacientes internados,
neste momento de escassez de recursos humanos, em virtude da ausência de
pagamento de salários, a direção do Hupe resolve interromper as internações até
que alcancemos um universo de 180 leitos ocupados”, informa uma circular
enviada a todos os setores do hospital assinada pelo diretor Edmar Santos.
O reitor da Uerj, Ruy Garcia Marques, contou que a decisão
foi tomada na sexta-feira. Segundo ele, o hospital ainda está aberto porque
recebe mensalmente R$ 7,5 milhões de custeio, repassados devido a determinação
judicial.
— Docentes e técnicos administrativos não conseguem vir à
universidade por não terem dinheiro para a sua locomoção. Isso se faz sentir de
forma mais perversa no Hospital Pedro Ernesto, onde lidamos com vidas. Sou
médico, sou cirurgião. Preciso de dinheiro para pagar o ônibus, a gasolina, o
almoço. Como punir pessoas que não conseguem vir? — disse o reitor.
Rotina já é afetada
Uma médica diz que funções
de rotina foram afetadas:
— Nós não conseguimos trabalhar sem os administrativos. A
maioria dos médicos ainda tem uma outra fonte de renda, mas, os
administrativos, não. Não temos funcionário para digitar os laudos. Nós não
conseguimos digitar, não tem como o médico fazer isso atolado de atendimento.
Em abril, o Hupe já sentia
os efeitos da crise. Na época, a unidade funcionava com 200 leitos, 57% da
média do hospital, que já teve 512 leitos.
— Dois terços dos funcionários estão sem condições de
trabalhar. O hospital só não parou de vez por questões humanas — afirma Jorge
Luis Mattos, técnico de enfermagem da cirurgia cardíaca e coordenador geral do
Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas Estaduais. — O hospital
é referência em especialidades como cirurgia cardíaca, nefrologia e urologia.
O secretário estadual de Ciência e Desenvolvimento Social,
Gabriell Neves, disse que está buscando “medidas rápidas para o Pedro Ernesto”,
mas não explicou quais.
Aniversário sem festa
No dia em que completou 67
anos, a Uerj teve ontem muito pouco a comemorar. O calendário acadêmico está
paralisado e ninguém sabe quando o segundo semestre letivo de 2017 terá início.
A notícia de que o bandejão, fechado desde janeiro, reabriu ontem não foi
suficiente para melhorar os ânimos. O reitor Ruy Garcia Marques afirma que o
serviço poderá ser interrompido, caso não haja a normalização dos pagamentos da
Secretaria estadual de Fazenda.
Segundo ele, as duas últimas empresas que administraram o restaurante desistiram porque ficaram sem receber por meses.
A bagunça no calendário é
outra preocupação. Nem todos os docentes aderiram à greve, fazendo com que
alguns cursos estejam encerrando as atividades do semestre, enquanto outros mal
começaram. A solução, segundo o reitor, será interromper as atividades de quem
está trabalhando normalmente para que, em algum momento, a grade da
universidade se encontre.
Os salários de setembro e outubro dos funcionários da Uerj,
incluindo docentes, não foram pagos, e não há previsão nem do 13º salário de
2016 ou 2017.