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Clipping - Um dia de fome no Hospital Rocha Faria

Extra / Cidade

29/11/2017


Crise na Saúde do Rio deixa pacientes e funcionários da unidade sem café da manhã

 Internado no Hospital Municipal Rocha Faria, em Campo Grande, desde o último dia 3, Cláudio Rodrigues da Silva, de 54 anos, ligou ontem de manhã para a filha dizendo que estava sem café da manhã. E mais: foi avisado de que não receberia refeições durante o dia. Por falta de pagamento, a empresa que fornece alimentação para a unidade suspendeu o serviço, deixando pacientes, acompanhantes e funcionários sem a primeira refeição do dia. Já passava das 14h quando o almoço — um sopão, acompanhado de banana — foi servido. A rede municipal de Saúde enfrenta uma grave crise financeira, com o bloqueio de R$ 550 milhões do orçamento da pasta.

— Meu pai está internado esperando há 25 dias por um procedimento cirúrgico. Fui até lá e providenciei o almoço dele. Eu ainda pude fazer isso. E as pessoas que não têm um parente para ajudar? — lamentou Driele Rodrigues, de 32 anos.

Com o salário de outubro atrasado, muitos funcionários do hospital sequer tinham dinheiro para comer na rua. Ao lado de parentes de pacientes, eles fizeram uma manifestação em frente à unidade.

O Rocha Faria é administrado pela organização social (OS) Iabas, que deixou de pagar há dois meses a empresa que fornece refeições. A dívida com a Nutrindo+ é de cerca de R$ 1 milhão. Já os repasses da prefeitura para a OS em atraso somam cerca de R$ 10 milhões.

A Secretaria municipal de Saúde (SMS) informou que cobrou da Iabas “o pronto restabelecimento das refeições, e a situação foi regularizada já para o fornecimento do almoço”. Quanto aos repasses em atraso, a secretaria afirmou que “os R$ 58 milhões acordados já foram depositados nas contas bancárias das organizações sociais e cabe às mesmas o pagamento dos salários de seus funcionários”.

Quanto ao paciente Cláudio Rodrigues, a direção do Rocha Faria afirmou que ele está recebendo todos os cuidados necessários e aguarda disponibilidade de vaga para realizar uma cirurgia. Ele está com obstrução nas vias biliares.

Ação exige repasse

A crise na rede municipal de Saúde atinge hospitais e clínicas da família. Uma reportagem do jornal “O Globo” revelou, na semana passada, que, com R$ 550 milhões do orçamento bloqueados e pelo menos 120 leitos fechados nos últimos meses, em diversas unidades, por falta de recursos, esse cenário já se reflete nas estatísticas do desempenho da rede da SMS.

Ontem, a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (DPRJ) informou que ajuizou uma ação civil pública para que a prefeitura repasse ao Fundo Municipal de Saúde, em 24 horas, “os R$ 543.570.700,00 necessários à manutenção dos serviços de saúde na cidade até o final do ano”.